Frente de partidos sugerida por Rui tem a simpatia de lideranças políticas da Bahia

Uma aliança entre partidos de esquerda e direita do Brasil para impedir uma eventual reeleição do presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido). Essa foi a possibilidade cogitada pelo governador Rui Costa (PT) em entrevista ao jornal O Globo. Avaliação que conta com a simpatia de líderes dos partidos que compõe a sua base de apoio no estado.

Na entrevista, o governador baiano usou à eleição dos Estados Unidos como exemplo para reforçar a necessidade de um pacto interpartidário. “No estilo da eleição americana, temos que demonstrar quanto está sendo ruim, quanto será desastroso para o Brasil se nós não mudarmos o rumo do país. Durante o ano de 2021, o conjunto de partidos de diferentes cores, do centro à esquerda, deve se reunir, e quando se aproximar da eleição a gente entra no debate de perfis, de nomes, de condições de vitória”, explicou ele.

O deputado federal presidente do Partido Democrático Trabalhista na Bahia (PDT), Félix Mendonça Júnior, apoia decisão do governador e reforça que, se adotada pelo PT, poderá trazer bons frutos. “Eu vejo essa reflexão com muita alegria. É sinal que o PT está começando a pensar mais no país do que no partido. Líderes importantes, como o governador Rui Costa e o senador Jaques Wagner, que sempre caminharam nessa linha e que, em 2018, defenderam um recuo do partido e apoio ao Ciro Gomes, que poderia ter evitado a eleição de Bolsonaro, poderem influenciar uma mudança no partido é importante”, avalia.

Na mesma linha segue a presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), a deputada federal Lídice da Mata. Ela pondera, no entanto, que uma eventual aliança com partidos da direita precisará deixar claro os termos do acordo. Ela avalia que o governador Rui Costa, ao fazer um gesto dessa natureza, caminha em uma direção de uma mobilização contra um “mal maior”, como se refere ao governo do presidente Jair Bolsonaro.

“É possível que haja acordo em defesa do ambiente democrático. Agora, depende de qual é o projeto, a proposta, qual é por exemplo os pontos que unificaria uma frente dessa. Uma frente antifascista precisa ser ampla, mais ampla possível. Agora, um programa que tenha um compromisso além da democracia formal, com a democracia econômica, acesso à renda, ao trabalho para maioria do povo”, diz Lídice.

Para ela, a decisão de que proposta adotar pode ser um dos entraves para construção de uma frente ampla envolvendo esquerda e direita, que contam com projetos antagônicos não só na política, mas na economia, educação, políticas de assistência social .

O secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia e presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) no estado, Davidson Magalhães, acredita que o contexto é favorável para essa união entre esquerda e direita, em defesa de um valor maior que é a democracia e suas instituições.

Magalhães cita votações no Congresso Nacional como a do novo Fundeb e da renovação do programa Auxílio Emergencial, que contou com ampla adesão dos parlamentares, para defender sua ideia de um campo favorável para uma frente única contra o que classifica de “governo autoritário de extrema-direita e obscurantista”.

“Quem chegou ao poder no Brasil é uma força de extrema direita sem compromisso com a democracia e que até agora não apresentou um projetos, a não ser o de desconstrução do país. É um governo que atua para fragilização das instituições criando um campo fértil para uma ruptura democrática. Em todo mundo partidos de direita e de esquerda estão se unindo para derrotar a extrema direita obscurantista, e essa é a posição do PCdoB: Unidade e luta. Unidade no que é fundamental para manutenção do Brasil, assim como aconteceu na época da ditadura”, lembra o presidente do PCdoB.

União para viabilizar eleição

O cientista político e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Cláudio André, avalia que o objetivo da frente partidária será o de dar robustez política para uma candidatura e lembra que pacto entre partidos antagônicos não é novidade no sistema político brasileiro.

“De 94 até 2014 nós tivemos praticamente um bipartidarismo no Brasil, com PT e PSDB competindo, montando as suas alianças municipais de acordo com as estratégias presidenciais. E quando Rui puxa esse debate de que pode se aliar ao DEM e ao PSDB, é dentro da perspectiva de que nesse momento, para esquerda, do ponto de vista estratégico, é necessário se aproximar do Centro e de uma parte da Direita, buscando uma viabilidade para competição presidencial”, explica.

Cláudio André lembra que na eleição municipal de 2016, antes do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o PT já tinha se unido ao DEM e ao PSDB para viabilizar candidaturas em várias cidades do Brasil. “Essa perspectiva de de apoio, de criar uma tática eleitoral mais ampla, ela não é nova. Basta a gente pensar que, em 2016, o PT fez 60 coligações no Brasil com o PSDB, com o Democratas, foram 55”.

 

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo