Em campanha digital, presidenciáveis investem em jogos e aplicativos de celular

Aplicativos para telefones móveis fazem cada vez mais parte da rotina das pessoas. E essa onda também chegou à política. De olho nos preciosos momentos de atenção que são dedicados de frente para a telinha dos celulares, os três principais candidatos a presidente da República têm planos de lançar produtos para fisgar a atenção do eleitor. Fontes ligadas às candidaturas de Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) confirmaram as intenções de atuar no mundo dos celulares e dos aplicativos de redes sociais.

Os aplicativos eleitorais debutaram em campanhas municipais em 2012, ainda de forma tímida e em pequena quantidade. Não que isso tenha significado que seu uso não gerou polêmicas. Além deles, os jogos em redes sociais foram outro aspecto a apimentar as discussões entre uma postagem e outra. Em ano de corrida eleitoral, eles prometem voltar para ajudar a capilarizar candidaturas e propostas.

Como a campanha ainda não começou oficialmente, os três candidatos ainda preservam com muito cuidado os planos para seus aplicativos de redes sociais e de celulares. O mistério impera nesse quesito em escala parecida, mas há certo consenso de que a decisão do TSE em somente aplicar a minirreforma eleitoral para as eleições de 2016 será um estímulo para a atuação em redes sociais. A Lei que traz a minirreforma faz algumas restrições de atuação nessas redes, por exemplo, a contratação de cabos eleitorais para atacar adversários através de comentários.

O escritório de comunicação da pré-campanha de Dilma Rousseff emitiu nota para tratar do tema. “A campanha presidencial da candidata Dilma Rousseff acredita que a internet deve se prestar a um debate público qualificado dos programas e propostas apresentados durante o período eleitoral. Diante disso, a campanha da candidata irá utilizar as tecnologias e ferramentas disponíveis para informar aos eleitores e à militância sobre seu projeto político”, diz o documento. A exemplo dos rivais, o detalhamento estratégico não vai muito além disso. “As ferramentas serão lançadas à medida que for identificada a necessidade de intensificar a comunicação com os internautas”, completa a nota emitida pela assessoria de Dilma.

Oposição

Os tucanos estão em fase de montagem de sua equipe, mas quando o tema é aplicativo para celular ou rede social a intenção é bastante nítida: o PSDB pretende desenvolvê-los para usar durante a corrida presidencial. O partido não apenas defende o uso dessas tecnologias, como em 2012 entrou na onda em disputas regionais.

Xico Graziano, ex-chefe do Gabinete Pessoal do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995) foi recentemente integrado à campanha tucana como coordenador do núcleo digital da campanha do senador Aécio Neves. Ele evita entrar em detalhes, mas destaca um dos aspectos que o partido pretende mirar no uso dos aplicativos e redes sociais. “Campanha tem de fazer de tudo, especialmente para tornar o Aécio mais conhecido”, diz ele, que não vai muito além.

Fontes ligadas à campanha do socialista Eduardo Campos têm tanto receio de entregar o ouro para os adversário que nem falam abertamente a respeito da questão. Reservadamente, entretanto, não apenas confirmam os planos de trabalhar com aplicativos de celulares e de redes sociais como enfatizam a necessidade de atuar nesse segmento.

Os socialistas ainda não têm planos para jogos, mas aplicativos variados estão em fase embrionária e fazem parte da estratégia eleitoral. Aliados de Campos reconhecem como algo muito valioso a oportunidade de interagir com os eleitores por meio das redes sociais e aplicativos de celular. O PSB deverá inclusive lançar produtos segmentados, com o objetivo de dialogar com públicos específicos em linguagens específicas.

Polêmicas em 2012

Durante a disputa municipal de 2012, os aplicativos e jogos em redes sociais foram responsáveis por disputas judiciais durante o processo eleitoral. Em São Paulo, por exemplo, José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) foram protagonistas desse tipo de disputa. O comitê tucano, na época, lançou dois jogos, que chegaram a ser oferecidos na loja oficial de aplicativos para celulares da Apple.

Tudo começou de forma pacífica. O primeiro jogo era o “Tucaninho” e o objetivo do aplicativo era conduzir o mascote tucano, símbolo do PSDB, por um “adorável passeio pelos céus de São Paulo”, conforme descrição do aplicativo. O segundo jogo desenvolvido pelo comitê de Serra na época foi inspirado num clássico dos games de computador, o SimCity, em que o objetivo era construir e gerenciar uma cidade. No caso do aplicativo de Serra a missão era semelhante.

Só que a brincadeira começou a ficar mais agressiva na reta final daquela eleição quando, em 20 de setembro, o PSDB criou uma versão de “Angry Birds” para fustigar o petista, batizado de “Angry Haddad”. O jogo trocava as figuras dos pássaros por caricaturas bizarras do próprio Haddad, de Paulo Maluf (PP), aliado do PT naquele ano, e do ex-ministro José Dirceu.

O descritivo do jogo dizia que “tudo o que Haddad precisa para destruir São Paulo é o seu apoio. Quer ver?”. No game, as caricaturas dos três eram munição para tiros contra um posto de saúde, escola técnica e estação de Metrô. O jogo acabou sendo retirado do ar em função de representação do comitê petista. Haddad, por sua vez, chegou a atuar nas redes sociais. Criou, por exemplo, um canal exclusivo para divulgação de vídeos no YouTube, mas não lançou aplicativos nem jogos.

Fonte: iG

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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