Eliana Calmon diz que partidos no País são verdadeiras “casas de negócios”
Mesmo sem acreditar que possa vencer o pleito deste ano ao Senado, pois seria uma “coisa inusitada”, a ex-ministra do STJ, Eliana Calmon (PSB), em entrevista à rádio Tudo FM, deu declarações polêmicas em torno do processo eleitoral em que está inserida. Calmon criticou a legislação e atacou o contexto de negociações para compor alianças partidárias. Segundo seu entendimento, muitas dessas ações, a depender da forma como são conduzidas, transformam os partidos em “casas de negócios”.
A ex-corregedora nacional de Justiça disse que o seu partido está encontrando dificuldade de compor. “No meu entendimento, temos que fazer uma reforma partidária porque as coisas começam exatamente por esses conchavos partidários, no qual os partidos são casas de negócios onde se faz transação comercial (…). O PSB é um partido que não parte para esse conchavo, não quer abrir mão da sua condição de não negociar dessa forma”, assinalou.
Esclareceu também que não faz parte da formação das alianças do PSB com as demais negociações e ainda não tem conhecimento quanto à abertura da vaga de vice na chapa encabeçada pela senadora Lídice da Mata (PSB). Mas enalteceu que acompanha e tenta se manter informada.
A ex-ministra não mediu elogios à senadora Lídice. Considera a sua colega de chapa como uma pessoa que “tem uma história de muita seriedade e compostura” e admitiu que também não definiu quais serão os suplentes de sua candidatura. “Para eu definir tenho que vender? Não faço isso porque isso é transacionar com o direito do povo, do eleitor”.
STF é alvo de críticas da pré-candidata
Além de rechaçar a forma como são conduzidas as alianças políticas no campo eleitoral, a jurista Eliana Calmon, durante a entrevista, fez duras críticas ao Superior Tribunal de Federal (STF) referente à proibição de empresas realizarem doações às campanhas. Segundo a pré-candidata, a decisão do STF favorece a quem já está no poder e tem verbas públicas para gastar.
“O Supremo, em cima do velho, quer colocar uma moral sobre o imoral, o que torna pior ainda. Essa impossibilidade de haver doações de empresas termina favorecendo a reeleição (…). O financiamento público de campanha é o que deve ser, porque não é possível que tenhamos partidos tão desiguais com financiamentos tão desiguais e que isso tudo (o financiamento) venha por debaixo dos panos”, afirmou.
Chegou também a relatar que atuou tanto no tribunal regional como no tribunal superior eleitoral, mas só agora, como pré-candidata, pode ver a atuação e as consequências da lei eleitoral.
A socialista classificou a legislação como injusta, atacando o instituto da reeleição. “A reeleição é um absurdo, pois quem é candidato a reeleição tem tudo, os presidentes de partido têm tudo e os novatos não têm nada”, afirmou.
Em outro assunto polêmico, a pré-candidata também defendeu a chamada Lei da Palmada. Argumenta que é um ato de combate à agressão contra as crianças no Brasil. “Em um país em que é uma constante a agressão às crianças, muitas vezes por ignorância dos pais, outras vezes por maldade mesmo, nós temos que ser radicais na proibição da agressão à criança”, discorreu.
Calmon explicou que a Lei da Palmada é uma recomendação da ONU para os países que têm uma incidência muito grande de agressão infantil. “Eu sou absolutamente contrária à posição daqueles que dizem que o Estado não pode interferir na casa da pessoa para regular a educação do filho”, completou.
Fonte: Tribuna da Bahia