Direita e esquerda disputam apoio popular em mês de protestos no País

Após um período de relativa calmaria nas ruas, o mês de agosto promete ser agitado no campo das disputas ideológicas no País. Em 16 de agosto, movimentos sociais de direita, apoiados pelo PSDB, voltam a levantar suas bandeiras pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Quatro dias depois é a vez de os grupos de esquerda, endossados pelo PT, bradarem contra o que chamam de tentativa de golpe protagonizada pelos conservadores brasileiros.

Os enfrentamentos desta vez acontecem em um ambiente bem menos favorável a Dilma – agravado na segunda-feira (3) pela prisão de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e um dos fundadores do PT.

A situação é semelhante àquela do primeiro semestre deste ano, quando, após serem marcados protestos para pedir a saída de Dilma do Planalto, grupos como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) convocaram atos contra o crescimento da direita no Brasil – criticando medidas do governo federal, mas também exaltando a legitimidade de sua mandatária e levantando bandeiras defendidas pelo governo, como a manutenção da atual idade penal.

A diferença, agora, é que a relação entre os partidos políticos e os manifestantes nas ruas se intensificou, com apoios anunciados abertamente após meses de ataques de um lado a outro por meio da imprensa e de discursos no Congresso Nacional.

O PSDB já convoca abertamente os insatisfeitos com o governo para irem às ruas no próximo ato anti-Dilma, algo bem diferente do que ocorrera em março e, principalmente, em abril, quando as lideranças do partido até amenizaram o discurso contra a presidente, enfraquecendo o protesto do dia 14 daquele mês.

De algumas semanas para cá, mesmo os mais cautelosos em relação à saída da petista do governo federal, como o senador Aécio Neves e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, têm feito discursos mais duros em relação ao tema.

“Qualquer conversa não pública com o governo pareceria conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser salvo”, disse recentemente FHC em resposta às propostas de aproximação de Luíz Inácio Lula da Silva para discutir a crise do governo federal. Ao mesmo tempo, o PT afirma ver sua militância crescente e mais ativa, empenhada em barrar o que vê como uma onda conservadora no Brasil, e pede apoio de sua militância para o ato de 20 de agosto.

“A tendência é o PT se fazer presente, pois, politicamente, nossa base se identifica mais com esses movimentos em defesa dos direitos sociais e pela democracia. São grupos com DNA democrático, bem diferente do caráter golpista daqueles que, insatisfeitos e inconformados com resultado das eleições, querem derrubar a presidente a qualquer custo, sem qualquer embasamento”, diz ao iG o vereador José Américo (SP), secretário nacional de comunicação do PT.

“Com bandeira ou sem bandeira do partido, vamos estar no protesto, sendo de camisa verde, amarela ou azul, mostrando a solidariedade e a identidade do PSDB com o sentimento de repulsa da sociedade brasileira em relação ao governo. O PT pode ir protestar contra o que quiser, isso só mostra o desespero de sua militância”, afirma o senador suplente José Anibal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, grupo de formação política do PSDB nacional.

Pautas confusas
A aproximação dos partidos aos movimentos é clara. Historicamente, militantes do PT são integrantes de centrais sindicais como a CUT, que ajudam a organizar o protesto de 20 de agosto. O MTST, cuja bandeira é apartidária, afirma que, mesmo tendo críticas a políticas do atual governo Dilma, o apoio do partido é bem-vindo. Políticos da sigla devem comparecer em peso, segundo a sigla. A Secretaria Nacional de Movimentos Populares do PT pressiona as lideranças para fazer uma convocação oficial para participação.

Fonte: iG

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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