‘Cartórios descartaram minha candidatura’, diz Marina
Um dia depois de dizer à Folha que tanto ela quanto Eduardo Campos (PSB) são “possibilidades” para a disputa de 2014, a ex-senadora Marina Silva reafirmou nesta quarta-feira (9) que apoia a candidatura do governador de Pernambuco, mas evitou, novamente, responder diretamente se descarta a sua postulação à Presidência.
Questionada mais uma vez sobre essa possibilidade, ela respondeu indiretamente que quem “cassou” sua candidatura foram os cartórios eleitorais do país que, ao rejeitarem assinaturas de apoio apresentadas, inviabilizaram a criação de seu partido, a Rede Sustentabilidade.
“Quando falei de possibilidades, estava dizendo que as candidaturas postas são possibilidades para o Brasil. A Dilma [Rousseff] é uma possibilidade para o Brasil, o Aécio [Neves] é uma possibilidade para o Brasil e o esforço que eu e o Eduardo estamos fazendo do ponto de vista programático é uma possibilidade para o Brasil, porque ninguém tem bola de cristal para determinar quem é que já é o presidente da República”, afirmou Marina, reclamando do destaque que a Folha deu à sua declaração do dia anterior.
Na entrevista de terça-feira (8), ela afirmou ao ser questionada se abandonava definitivamente a sua candidatura ao Planalto em 2014: “Para nós não interessa agora ficar discutindo as posições. Nós dois somos possibilidades e sabemos disso. Que possibilidade seremos o processo irá dizer e estamos abertos a esse processo”.
Marina afirmou nesta quarta que essa afirmação “não tem nenhuma razão” de virar manchete de jornal.
“Quem descartou minha candidatura não foi eu, mas os cartórios que cassaram o registro da Rede Sustentabilidade.”
Na saída da entrevista, ela voltou a falar sobre o assunto e disse que não assume diretamente a suposta desistência de sua candidatura porque isso não é uma premissa da “discussão programática” que ela estabeleceu com o PSB. “Não tenho que cair nesse tipo de armadilha.”
No sábado, dois dias depois de a Justiça Eleitoral barrar a criação da Rede por falta de comprovação do apoio popular exigido em lei, Marina anunciou adesão ao projeto eleitoral de Campos, no lance mais surpreendente da disputa eleitoral até agora.
| Sergio Lima/Folhapress | ||
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| A ex-senadora Marina Silva fala em entrevista exclusiva à Folha sobre a adesão ao PSB |
ESTADOS
A ex-senadora participou nesta quarta de reunião da Executiva da Rede que decidiu convocar para domingo um encontro nacional da comissão nacional provisória do partido, em Brasília, para discutir a aliança com o PSB e a relação dos dois partidos nos Estados.
Entre outros, a Rede quer discutir a possibilidade de candidatura própria ao governo de São Paulo (a do deputado federal Walter Feldman), Estado onde o PSB caminhava para apoiar a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo Marina, o “limite” para esse tipo de negociação será a “coerência”. Ela já havia “vetado” publicamente, por exemplo, a união em Goiás entre PSB e o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM), um dos líderes da bancada ruralista no Congresso.
Marina também voltou a abordar a declaração do marqueteiro de Dilma e Lula, João Santana, que disse que a oposição se perderia em uma “antropofagia de anões” em 2014 (Santana fez essa análise antes do anúncio da união entre Marina e Campos).
“Falaram que os anões iriam se destruir, mas aconteceu o contrário. Dois anões se juntaram não para ficar gigantes, mas para mostrar que os anões têm mais facilidade de enfrentar as dificuldades por enxergarem de baixo pra cima.”
Marina também comentou o projeto aprovado na terça pelo Congresso e que prejudica diretamente a Rede ao limitar bastante o repasse de verbas e de tempo na propaganda eleitoral na TV aos novos partidos.
Ela classificou a proposta de “lei Anti-Rede”, “anti-democrática”, e afirmou que o partido vai esperar a sanção ou veto da presidente Dilma para anunciar qual posição adotar.
Fonte: Folha de São Paulo


