Baianos apostam no dia do 'Compre do Pequeno' para alavancar vendas e expandir negócios

A Bahia tem pelo menos 600 mil micros e pequenas empresas e a maioria delas compartilha do mesmo sentimento: não há medo da concorrência. Produzir e servir a um público específico e de forma personalizada tem sido a fórmula secreta de dezenas de empreendedores que alcançam sucesso. E foi assim que fazer brigadeiros para o pessoal do trabalho despertou a empresária criativa que existia dentro de Daniela Bastos, de 30 anos.

Ela começou em 2010, mas só no ano seguinte, depois de muito busca, que ela engatou de vez. “Fui aperfeiçoando novos sabores, criando embalagens, estudando o mercado e enfim, em 2011, com o meu espírito empreendedor e criativo, fundei a Dani Brigadeiro. Comecei vendendo aos poucos, para amigos e amigos de amigos, e hoje graças à Deus, atendo desde maternidade, bodas e casamentos, até festas de debutante, aniversários, formaturas e eventos corporativos de toda a cidade de Salvador e região metropolitana”, comemora.

Mas como nem tudo são flores, Daniela precisou insistir um pouco para o negócio não empacar, já que começar um empreendimento sem capital para investir não é uma tarefa fácil. “Pensei em desistir em um momento bem difícil financeiramente. Pensei em largar tudo, mas voltei atrás e persisti. E que bom que eu persisti! ”, lembra contente. Dani Brigadeiro é uma das 600 mil micros e pequenas empresas baianas que não se amedrontaram com a concorrência e foram à luta. Para ela, um trabalho bem feito tem o seu valor e as pessoas valorizam isso.

A concorrência também nunca assustou a baiana Paula Guino, de 41 anos. Ela começou a CentroTour Logística em 1998 quando percebeu que havia uma demanda de viajantes em Praia do Forte, no Litoral da Bahia. Paula nunca pensou em desistir, mas confessa que precisou rever e realinhar os objetivos para manter-se competitiva.

“É preciso estar atento a todo momento e redesenhar o caminho a ser percorrido. Nosso negócio mudou, evoluiu, expandiu mercado. Foi necessário expandir da Bahia para não nos limitarmos a somente demandas locais para nos tornarmos efetivamente sustentáveis“, explica.

Hoje, Paula e o sócio, Paulo Sapienza, apostam no marketing online e em estratégias comerciais de atendimento personalizado e pessoal para expandir e crescer ainda mais o negócio, que atende, principalmente, eventos corporativos.

A empresa de Paula já acumula premiações e indicações ao MPE Brasil – prêmio de competitividade para micro e pequenas empresas -, mas não descansa. Quer ir além e uma das apostas, assim como de Dani Brigadeiro, é o Movimento Compre do Pequeno.

A ação é promovida pelo Sebrae Nacional, que busca reunir empresas locais em um único lugar e conscientizar à população a comprar regionalmente. O ponto alto do movimento acontece no dia 5 de outubro, data em que foi instituído o Estatuto da Micro e Pequenas Empresas.

Hoje, os pequenos negócios representam mais de 95% do total de empresas brasileiras e são elas que têm segurado as pontas da economia do país. Para o superintendente do Sebrae Bahia, Adhvan Furtado, o momento econômico é decisivo. Segundo ele, uma atenção especial está voltada para os pequenos negócios por, talvez, ser a válvula de escape. “O país está passando por uma crise muito forte e são as micro e pequenas empresas quem sustentam a economia num momento desse. Elas conseguem perceber as tendências e padronização do consumo e se adaptam rapidamente”, analisa.

Cerca de 2500 empresas da Bahia já estão cadastradas no Movimento Compre do Pequeno Negócio. De acordo com o Sebrae, esse é o maior número de inscritos nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Adhvan Furtado comemora o sucesso de participação de baianos na iniciativa, mas lembra que o movimento não se trata apenas de uma data para obter vendas, mas para mostrar à sociedade que no dia a dia vale a pena consumir regionalmente.

“O grande interesse é que haja uma valorização regional. As vezes a gente compra sem perceber o que o pequeno negócio gera a maior parte de empregos no estado. Distribuir um produto regionalizado valoriza toda a economia”, explica o superintendente.

Adhvan lembra ainda que o consumidor está em busca do diferencial, da qualidade e do preço justo. As empresas que conseguem oferecer todos esses quesitos, vendem bem. “O baiano é um público exigente e valoriza essas características e originalidade no produto e no serviço. Ele sabe que vale a pena comprar localmente, mas talvez a gente ainda não mostre com tanta clareza o que é produzido na Bahia. Não há uma marca ‘Bahia’ associada a ela”, conclui.

“O país está passando por uma crise muito forte e são as micro e pequenas empresas quem sustentam a economia num momento desse,” Adhvan Furtado

Entenda o ‘Compre do Pequeno’

O Movimento Compre do Pequeno Negócio faz uma integração entre a micro e pequena empresa com o cliente. Lançado em agosto pelo Sebrae, a ação pretende gerar a conscientização da sociedade em torno do consumo de produtos e serviços de pequenos negócios, para fortalecer a economia brasileira.

Por conta desse movimento, foi criada a Semana de Capacitação Empresarial com palestras, workshops, seminários e cursos. Onde os donos de pequenos negócios e potenciais empreendedores se prepararão para receber os clientes no dia 5 de outubro, o Dia da Micro e Pequena Empresa, que marca a data oficial do movimento.

Neste dia, os consumidores também serão convocados a comprar dos pequenos negócios, para apoiar e fortalecer o segmento, que respondem por 27% do PIB no Brasil e por 52% do total de empregos com carteira assinada – mais de 17 milhões de vagas.

Após se cadastrar no movimento, o empresário estampa na porta de seus estabelecimentos a mensagem de que é um pequeno negócio. Assim, os consumidores podem escolher o local para fazer as compras. No site estão disponíveis para baixar o material para que o dono do pequeno negócio possa caracterizar sua empresa como participante do Movimento.

No site também é possível gerar uma campanha digital criando uma peça publicitária com a imagem da empresa para distribuição nas redes sociais. Depois de cadastrado, o empreendedor também terá acesso aos cursos online do Sebrae e à agenda de ações da instituição e parceiros nos próximos meses.

A página do movimento na internet também funciona como um expositor onde o consumidor encontrará a lista com os dados e a localização das empresas cadastradas. Por meio de geolocalizador, ele pode encontrar os pontos comerciais mais próximos que participam do Movimento.

Fonte: Correio/ Foto: João Alvarez

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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