Aumento da remuneração do FGTS ganha apoio entre empresários

Pauta tradicional dos empregados, o aumento da remuneração das contas do FGTS tem conquistado um  apoio maior, ainda que cauteloso, do setor patronal. Hoje, o reajuste é feito pela Taxa Referencial (TR) mais 3% ao ano, mas essa conta tem resultado, há 15 anos, em perda do poder de compra dos recursos dos trabalhadores no fundo.

O principal indício do humor mais favorável a uma melhor remuneração foi a menção ao tema no aniversário do Conselho Curador do FGTS, no dia 9 de dezembro, por uma representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), no grupo técnico que assessora os conselheiros.

Considerada a principal liderança técnica da bancada patronal no Conselho, a assessora defendeu uma “melhora na remuneração do fundo”, segundo Cláudio da Silva Gomes, representante da Confederação Única dos Trabalhadores (CUT) no Conselho do FGTS, presente ao evento.

Para uma fonte do setor da construção civil – que pediu anonimato por não estar autorizada a falar sobre o assunto -, a assessora expressou um sentimento coletivo da indústria, embora não seja a representante formal do setor no Conselho.

“Essa é uma reivindicação importante, tem de certa forma apoio dos empresários e o governo terá de administrar”, diz a fonte, que defende a mudança como forma de estimular o trabalhador a deixar os recursos no Fundo mesmo quando tem a possibilidade de sacá-los.

No governo, não há uma posição fechada, mas o debate é visto com cautela, segundo uma fonte com alto conhecimento do FGTS e que pediu anonimato.

“Antes de qualquer posicionamento do governo federal temos de discutir todas as consequências de um possível aumento”, diz a fonte.  “Seria prematuro falar de um posicionamento contrário ou a favor do governo ou do Conselho Curador.”

Presidente do Conselho Curador, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, não quis conceder entrevista para esta reportagem. Posição semelhante adotaram os representantes dos ministérios da Fazenda e das Cidades.

Mudança de humor

Representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Conselho Curador, Cláudio Gomes conta que a classe patronal passou a discutir a melhora na remuneração do fundo mais abertamente em meados do ano passado.

“É claro que tem uma visão de buscar investimentos. Ele [empresário] verifica todas as fontes de recurso. O patronal deve ter olhado para essa linha e falado ‘o Fundo de Garantia é uma das fontes, mas precisamos melhorar a remuneração do fundo para lá ter mais recursos”, diz Gomes. “Acho que [o apoio patronal] fortalece esse pleito dos trabalhadores. Por outro lado, vamos ter uma resistência muito grande do governo.”

O representante da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Cláudio Conz, atribui a mudança da posição patronal, e sobretudo na construção civil, à diversificação das fontes de crédito para o setor da habitação.

Em 2005, mais da metade (53%) dos R$ 10,2 bilhões em financiamento imobiliário concedido a mutuários vinha do FGTS. No ano passado, não chegou a 1/3 (28%) dos R$ 156,7 bilhões. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Fonte: iG

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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