Após parto na Maternidade, mulher morre no Hospital Dantas Bião e família denunciará descaso ao Ministério Público – Exclusiva
No dia 8 de Junho, Maria Cristina Bispo dos Santos, 26 anos, pariu Vitor Nascimento, seu segundo filho com Roger Alisom do Nascimento Santos. O outro filho do casal é Alisson do Nascimento Santos, que tem quatro anos.
O parto aconteceu na Maternidade de Alagoinhas.
Seria mais uma história de felicidade familiar se dez dias após o parto, com muitas dores, Maria Cristina não tivesse que voltar à Maternidade para ser avaliada por um médico.
Segundo Roger Alisom, viúvo de Maria Cristina, eles chegaram na unidade às 8h30 e a paciente foi atendida.
Apenas Maria Cristina entrou e sem a realização de qualquer exame mais aprofundado, o médico prescreveu o uso de Lufital e Buscopan, liberando a paciente logo em seguida, mesmo ela tendo reclamando de fortes dores na “barriga”.
O casal retornou para sua residência e ao longo da tarde e noite de 18 de Junho, Maria Cristina afirmou que estava sentindo dores, mas não tão fortes como antes.
Na manhã do dia 19, por volta das 7 horas, as dores aumentaram e ela pediu para ir novamente à Maternidade.
Chegaram por volta 9 hs e duas horas depois, após a mãe de Maria Cristina ter alterado a voz com uma recepcionista, a paciente foi atendida, sem a presença dos familiares.
Com a demora do retorno de Maria Cristina, Roger e a sogra foram até a residencia do casal verificar como estavam as crianças e retornaram para a Maternidade às 13h30.
Já foram atendidos pela área social da unidade de saúde que comunicou a transferência de Maria Cristina para o Hospital Dantas Bião, “sob os cuidados de uma equipe da Maternidade”.
No hospital, para surpresa de ambos, foram informados que o quadro clínico de Maria Cristina era complicado e que a paciente havia tido duas paradas cardíacas. “Quando fomos vê-la na sala de reanimação, ela já estava entubada”, revelou Roger.
A cirurgia foi descartada, segundo o viúvo, por conta das condições de sua esposa, cuja chance de sobrevivência seria miníma.
Às 14h55 do dia 19 de Junho, 11 dias após o parto de Vítor, Maria Cristina faleceu no Hospital Dantas Bião.
Contradições
Na Maternidade, os familiares foram informados que Maria Cristina havia sido transferida para o Hospital Dantas Bião em uma ambulância adequada e acompanhada de uma equipe médica.
Chegando ao hospital, a informação foi completamente diferente: a transferência foi realizada em ambulância velha e a paciente não contou com profissional especializado a seu lado.
Outra informação relevante, que de acordo com Roger foi omitida na unidade de parto do município: a primeira parada cardíaca aconteceu Maternidade e não no Dantas Bião.
Inconformado com o descaso dos profissionais da Maternidade, ele quer que os responsáveis sejam punidos para que a morte de sua esposa não se transforme em mais um caso esquecido e sem qualquer consequência. “Estamos procurando a imprensa e vamos ingressar com uma denúncia no Ministério Público”, afirmou Roger.
Situação
Com dois filhos menores, sem ninguém para cuidar deles, Roger se dedica integralmente à família e foi demitido do trabalho por ter faltando durante vários dias. “Não tenho como trabalhar porque todos de minha família têm atividades profissionais e não podem cuidar das crianças”, disse, acrescentando que “os três – ele e os filhos -, além de enfrentarem a perda de Maria Cristina, passaram a viver uma situação complicada”.
Versão
Ontem, em conversa telefônica com o chefe de Gabinete da Prefeitura de Alagoinhas, Sidnei Costa, o editor do Alagoinhas Hoje comunicou-lhe sobre a denúncia em poder do site e solicitou que o secretário de Saúde, Reginaldo Paiva, entrasse em contato para apresentar a versão do governo.
O secretário Paiva fez contato às 8h09 desta terça-feira e ficou de providenciar as respostas ao longo do dia.
No e-mail pessoal do editor do Alagoinhas Hoje chegou uma correspondência de alguém da Maternidade (Felipe) às 14h34 de hoje, mas vazia e sem qualquer conteúdo.
O Alagoinhas Hoje registrou em e-mail para Felipe que as informações solicitadas não haviam chegado. Mas até agora (16 horas) não obteve retorno.
Por duas vezes ( às 15h35 e 15h37) tentou-se falar com o celular do secretário de Saúde e não foi possível.
A versão oficial da Prefeitura de Alagoinhas não está nesta matéria por absoluta vagareza do governo em providenciar as suas “explicações” para a morte de Maria Cristina Bispo dos Santos, uma jovem de 26 anos, que deixou duas crianças e um viúvo inconformado com a morte de sua esposa e o descaso com que ela foi tratada (ou melhor, maltratada) na Maternidade de Alagoinhas.