Aplicativo monitora rotina de estudantes

alunos-da-unijorge_1664499

Um aplicativo no celular que avisa, em tempo real, quando o aluno entra na escola e informa sobre as suas notas e comunicados acadêmicos. Assim cinco estudantes da Unijorge imaginaram o AIS System (Sistema de Integração Acadêmica), ferramenta que criaram para que pais possam acompanhar a rotina escolar dos filhos.

Nele, os pais têm  login e senha própria vinculada ao filho. A intenção é que eles recebam em tempo real informações sobre a rotina acadêmica dos filhos, tais como: frequência detalhada, notas dos alunos e avisos acadêmicos.

Apesar de já estar finalizado, o aplicativo ainda não foi utilizado em nenhuma escola. Os estudantes, que são do curso de análise e desenvolvimento de sistemas, negociam uma parceria com duas escolas particulares de Salvador para que ele seja integrado aos sistemas de informações que as instituições já disponibilizam.

Há, ainda, a intenção de mostrar o aplicativo para os secretários de Educação. A equipe partiu da premissa de que é complicado acompanhar a vida escolar dos filhos. A ideia surgiu em uma disciplina em que  os estudantes fizeram pesquisas de campo e por meio das redes sociais para confirmar se havia a dificuldade.

“Os pais apontaram a necessidade de funcionalidades, como avisar o momento em que o aluno entra no colégio e responde à chamada”, destaca o professor Leonardo Almeida, que orientou o projeto, ao lado da professora Marla Dore.

No entanto, para que recebessem essas informações, seria necessário que as escolas tivessem catracas integradas para enviar a confirmação de entrada  e a chamada fosse feita pelo professor com celular ou computador instalado na sala.

A ferramenta foi desenvolvida em dois anos. Para Almeida, a diferença dela para sistemas que muitas escolas já utilizam, onde pais têm acesso ao rendimento escolar  dos filhos, é que o aplicativo daria a informação em tempo real e seria utilizado em smartphone.

“Hoje em dia, com a correria do dia a dia, os pais não têm como acompanhar os filhos. Pensamos nisso e juntamos com o crescente uso de smartphones”, frisa Rafael de Oliveira, 27, um dos criadores.

Os outros quatro alunos são: Charles Avelar, Jadson Planzo, Marcílio Neves e Tiago Anjos. “O pai vai poder identificar as necessidades dos filhos. Verificar se realmente está nas aulas. Nas escolas públicas, esse acompanhamento é menor. Eu já estudei e não recebia boletins. Não tinha nada”, acrescenta Oliveira.

Dificuldades

Pai de uma estudante do 6º ano, o servidor público Franklin Oliveira, 35, conta que tinha dificuldade em acompanhar a filha diariamente por conta do trabalho. “Tanto eu quanto a mãe dela trabalhamos. Íamos quando tinha reunião. Não tínhamos tempo para acompanhar de perto”, diz.

A situação melhorou após a escola em que a filha dele estuda criar um grupo no WhatsApp com pais de alunos (veja mais abaixo). “Temos um acompanhamento diário. Recebo mensagens, fotos. Fico mais tranquilo”.

O professor da Faculdade de Educação da Ufba Nelson Pretto ressalta que qualquer tentativa de articular escola, família e a comunidade do entorno é muito importante. “Isso é o elemento fundamental e básico para o sucesso de qualquer política educacional”, diz.

Porém, o professor alerta para o perigo de implantar um controle excessivo. “A bisbilhotice, o controle, a não liberdade são muito perigosos. Não posso ter uma relação entre pais e filhos cujos filhos dizem que vão para escola e pais só descobrem que não foram porque tem um aplicativo espião”.

O diálogo, ele diz, não pode ser substituído pelo aplicativo de controle. “Isso é o oposto da educação, que não está baseada em controle e sim na formação da cidadania. Não podemos centrar a lógica educacional na lógica do controle”, finaliza.

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo