A deputada, a APLB e a imagem do governo – Maurílio Fontes

Nesta semana, um mini discurso da deputada federal Alice Portugal (PCdoB), em plenário com pouquíssima presença, praticamente vazio, reverberou nas redes sociais.

O conteúdo discursivo e a narrativa “aliciana” tentaram caracterizar a gestão da Secretaria de Educação da Prefeitura de Alagoinhas como caótica e perseguidora dos trabalhadores.

Se não é perfeita, a SEDUC avançou em alguns setores e nos quase 18 meses da administração joaquinista é reconhecida como espaço de construção positiva e de diálogo.

Quanto ao espaço dialógico, a afirmação é de dirigente sindical militante nas pelejas em defesa dos trabalhadores da Prefeitura de Alagoinhas.

A fonte registrou adendo importante para o entendimento deste imbróglio: a APLB Sindicato em Alagoinhas perdeu força e não participa com a veemência do passado das lutas da categoria que deveria representar. Perdeu “lugar de fala” e muito da representatividade pretérita.

Provavelmente, a deputada Alice Portugal tentou reviver cadáver insepulto neste momento eleitoral, como se de seu mini discurso exalasse, em passe de mágica, o sopro da vida.

Os desdobramentos pós fala da parlamentar baiana também deveriam servir como parâmetros avaliativos para a administração joaquinista.

Governos precisam ser afirmativos, construindo de forma planejada suas ações e narrativas, mas também questionadores das próprias performances.

A atual administração alagoinhense deve se perguntar por quais razões as críticas, que mesmo não fundamentadas em verdades incontestáveis, colam em sua imagem de forma automática. 

Há, em minha opinião, lastreada no amplo conhecimento da política de Alagoinhas e na longa experiência de consultor político/eleitoral, grande dissonância entre governo e sociedade, que rebaixa a percepção daquilo que poderia ser positivo e catapulta na velocidade da luz fatos negativos, sem qualquer mediação, sempre resvalando para críticas coletivas.

É preciso entender objetivamente as razões deste deste “estado de coisas”.

Pesquisa qualitativa, com grupos focais, é a melhor alternativa para clarear o entendimento sobre as percepções sociais e oferecer ao governo informações relevantes acerca de sua imagem.

A professora doutora Luciana Fernandes Veiga, uma das mais reconhecidas cientistas políticas do Brasil e competente moderadora de grupos focais (minha professora na especialização em Marketing Político, Mídia, Comportamento Eleitoral e Opinião Pública), seria a profissional mais indicada para esmiuçar a avaliação social sobre a administração joaquinista.

Em muitas ocasiões faltou capacidade política ao governo para lidar com certas situações, transformando o custo-benefício em algo desvantajoso para sua imagem.

O caso dos professores em regência de alunos especiais revela isso de forma clara: a “economia” foi por água abaixo com a polêmica desta semana, visto que a construção da imagem governamental tem custos tangíveis e intangíveis.

A postura excessivamente tecnocrática dos planejadores da Prefeitura de Alagoinhas precisa ser mudada.

O governo deve conjugar gestão e política.

Não há mal nisso. 

Muito pelo contrário: seria a alternativa para inocular profissionalismo em gestores amadores, que não conhecem a “alma” do povo alagoinhense.

Repercussão

Publicado inicialmente apenas na lista de transmissão do site Alagoinhas no WhatsApp, o artigo atingiu repercussão imediata e sindicalistas da microrregião também confirmaram o esgarçamento da relação entre a direção da APLB Sindicato em Alagoinhas e a base trabalhadora, que deveria representar.

Uma fonte ampliou a informação e disse que o PCdoB em Alagoinhas padece do mesmo mal. Está desorganizado no município, sem a força que já teve em outros momentos, capitaneando lutas em defesa dos trabalhadores. 

Maurílio Fontes é editor do site Alagoinhas Hoje

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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