Balança comercial tem pior desempenho em 13 anos

Mesmo com a decisão do governo de contabilizar como exportação US$ 7,736 bilhões obtidos com a venda de plataformas de petróleo que foram alugadas, na maior parte, para a Petrobras, o Brasil teve o pior desempenho no saldo do comércio internacional dos últimos 13 anos.

No ano passado, a balança comercial, que registra o total recebido pelo país com vendas para o exterior menos os gastos com a compra de importados, registrou um saldo positivo de US$ 2,561 bilhões.

Esse é o menor resultado desde 2000, quando houve um deficit de US$ 731 milhões.

Ainda assim, o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Daniel Godinho, disse que há motivos para comemorar, já que as exportações se mantiveram “num patamar elevado” num ano considerado extremamente “difícil”.

No acumulado do ano, as exportações caíram 1% em relação a 2012.

PLATAFORMAS

O secretário defendeu o modelo brasileiro que permite que as operações com plataformas sejam contabilizadas como exportação. A sistemática é criticada porque, na prática, a plataforma é fabricada no Brasil, vendida para um estrangeiro e alugada para as empresas no país.

Nenhuma das sete plataformas que geraram as receitas de US$ 7,736 bilhões no ano passado foi, de fato, exportada. Há apenas o registro contábil.

“Cada país tem seu modelo [de contabilização]. Esse é o modelo brasileiro, que existe desde 1999”, afirmou, rebatendo as críticas de que se trata de mais uma manobra para inflar artificialmente as estatísticas oficiais, já que a Petrobras é a principal destinatária final das plataformas.

Segundo o secretário, desde 2004, com exceção dos anos de 2006 e 2009, há registro de exportação de plataforma no saldo da balança comercial. Porém, o valor máximo apresentado foi de US$ 1,5 bilhão nos anos de 2008 e 2012.

“Quem produz são estaleiros nacionais. Não é a Petrobras. Fabricante vende para um estrangeiro e há ingresso de moeda estrangeira no pais. Não posso dar tratamento diferenciado das demais exportações”, argumentou.

CRESCIMENTO

Na avaliação de Godinho, essa participação das vendas de plataforma deve crescer daqui para frente com o aumento da produção.

Em 2013, o registro dessas exportações foi recorde apesar de a conta petróleo, onde o governo registra vendas e compras no exterior de petróleo e derivados, registrar o maior deficit da história: US$ 20,277 bilhões.

O Brasil teve menor produção de petróleo e derivados, segundo o secretário, e maior demanda pelo produto em função de maior uso de termelétricas, entre outros motivos.

Ele justifica que as exportações de plataformas usadas na extração de petróleo aumentam porque nos últimos anos o governo estimulou a indústria naval, e isso só está dando resultado agora.

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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