Baianos Isaquias e Erlon disputam o ouro neste sábado

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Amigos de infância, o ubaitabense Isaquias Queiroz e o ubatense Erlon de Souza podem entrar para a história do esporte brasileiro neste sábado, 20, quando disputarão a final olímpica da categoria C2-1000 m da canoagem de velocidade, na Rio-2016. A dupla baiana, atual campeã mundial da categoria, classificou-se na manhã desta sexta-feira, 19, para a decisão da medalha com o melhor tempo entre os oito finalistas, e é favorita ao ouro. E se no início de suas carreiras era o Rio de Contas que encurtava as distâncias entre Ubaitaba e Ubatã, agora um novo ‘Rio’ promete enriquecer ainda mais a história vitoriosa dos dois canoístas.

Já vencedor de duas medalhas na Olimpíada (prata no C1-1000 m e bronze no C1-200 m), Isaquias divide o mérito de suas conquistas com o velho amigo e seus companheiros de seleção brasileira. “Não consegui essa medalha sozinho. A equipe é muito unida. A medalha dos 200 m é também do Nivalter [Santos] e se conseguirmos um pódio amanhã [sábado], ela será também do Ronilson [Oliveira]” disse Isaquias sobre o ex-titular da C1-200 m e do ex-parceiro de Erlon na C2-1000 m, respectivamente.

“E, é claro, quero a medalha pelo Erlon também, que tem sido fundamental para mim. Eu treinava com ele C1-200 m, C1-1000 m, C2-1000 m. Ele está muito rápido e isso me motiva. Ele está muito bem preparado, adquiriu ritmo. Quero que Erlon ganhe a medalha dele, para que consiga entrar na história dos Jogos”, completou o astro da canoagem brasileira, que se subir ao pódio na prova deste sábado entrará de vez para a história do esporte nacional como o único brasileiro a já ter conquistado três medalhas em uma única edição de Olimpíada.

Nas raias e fora delas, Erlon, 25, funciona como uma espécie de contraponto de Isaquias, 22. Mais experiente e com uma participação em Jogos, em Londres-2012, Erlon é tímido com as câmeras, exatamente o contrário do extrovertido parceiro. E ele revela que o entrosamento é o principal segredo do sucesso da dupla. “O Isaquias é a parte principal que controla o barco, mas um dita o ritmo do outro. Pelo fato de treinarmos muito tempo juntos, já conhecemos nossas remadas. Então não precisa muita coisa para falar dentro d’água, não. A cada remada, já percebemos”, explica Erlon.

“Desde o começo da competição, Isaquias vem batalhando, e estamos vendo fluir todo o treinamento que ele tem feito lá em Lagoa Santa [em Minas Gerais, onde treina a seleção]. As medalhas e a participação dele estão servindo como inspiração para mim. A gente tem muita fé de que a medalha vai vir. Somos os atuais campeões mundiais e sabemos da nossa possibilidade de subir no pódio. Com certeza vamos batalhar até o final pra isso”, disse Erlon, contando um último ‘segredo’ para a prova deste sábado.

“Ubatã e Ubaitaba estão agitadas. Colocaram telão pra verem as provas, as crianças nas escolas estão parando para nos assistir. Nós viemos de lá. Tem muita gente torcendo pela gente. Boa parte de nossa inspiração vem de lá, nossos amigos, nossa família…”, finalizou.

Prova difícil

A grande final do C2-1000 m terá início às 9h22. A dupla baiana garantiu vaga na decisão sem precisar passar pelas semifinais, vencendo a bateria da fase de classificação com o tempo de 3m33s269. Os brasileiros terão como grandes rivais alemães Brendel e Vandrey finalizaram com 3m33s482 (foi Brendel quem ‘tirou’ o ouro de Isaquias no C1-1000 m), os cubanos Torres e Jorge (3m34s939) e os ucranianos Ianchuk e Mishchuk (3m35s284).

Para a imprensa especializada, seria uma ‘zebra’ os baianos não ficarem com o ouro. Mas muitos alertam que a força dos ventos pode afetar a performance dos atletas nacionais. A previsão do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), contudo, é de ventos fracos na manhã deste sábado, condições consideradas ideais pelo próprio Isaquias para a prova.

Torcida improvisa arquibancada gratuita

Com ingressos esgotados para esta sexta na canoagem e os cambistas cobrando mais de R$ 1.000 por uma entrada na porta do Estádio da Lagoa Rodrigo de Freitas, o jeito que a torcida deu para não perder a prova foi improvisar uma ‘arquibancada’ atrás das grades que separavam o público do espaço destinado às provas da Rio-2016. Em volta de toda a lagoa, mas sobretudo nas proximidades da chegada, muita gente aproveitou as frestas entre as árvores e o muro de arame. Nesta sexta, os bilhetes oficiais custaram entre R$ 70 e R$ 30. Hoje, para a final, os valores foram de R$ 210 e R$ 100

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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