Bob Dylan regrava sucessos de Frank Sinatra no álbum Fallen Angels

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Com todo respeito ao gênio que é, mas Bob Dylan não tem fama exatamente por ser bom cantor. Isso, nem os fãs mais ardorosos conseguem negar. Mas, foi justamente por causa desse espírito genial que Dylan se aventurou no repertório de Frank Sinatra (esse, sim, um senhor cantor) no álbum Fallen Angels (Sony), em que reinterpreta 12 sucessos consagrados com A Voz.

E parece que o resultado agradou geral. Até mesmo os críticos que comentaram sobre  sua voz cada vez mais rouca se renderam à iniciativa. A este tipo de elogio, porém, Dylan não está muito acostumado, como desabafou publicamente com uma evidente mágoa,  ao receber no ano passado um prêmio especial no Grammy: “Os críticos pegam pesado comigo desde o primeiro dia. Dizem que eu coaxo como um sapo. Por que não dizem coisas semelhantes sobre Tom Waits? Críticos dizem que eu desafino e que canto como se estivesse falando. Sério? Nunca ouvi dizerem isso de Lou Reed. O que eu fiz para merecer esse tratamento especial? Me  deem um tempo, caras”.

Em formato de quinteto, o autor de Blowin in The Wind ‘desarranjou’ as canções até então gravadas no formato glamouroso das big bands e as realçou com o toque cru do blues passional, deixando a melancolia do folk em que se criou de lado. O jornal The Los Angeles Times escreveu que “Dylan liberta estas músicas do universo das grandes orquestras”. O Entertainment Weekly elogiou a “delicadeza quase irônica”. Para a revista Rolling Stones, a performance de Dylan é sublime: “Seu fraseado continua espetacular”.

Fallen Angels é, na verdade, a segunda e mais pretensiosa incursão do artista de 75 anos pelo repertório de Sinatra (1915-1998). A primeira foi no ano passado no álbum Shadows in the Night, com algumas canções mais obscuras. Agora, canta sucessos imensos como All The Way, All or Nothing at All, It Had To Be You, Melancholy Mood, Young At Heart e That Old Black Magic. São clássicos românticos gravados por deus e o mundo, que Dylan canta de um jeito mais leve e, creia, completamente à vontade em seu tom rouco anasalado.

Dylan tem dito por aí que se trata de uma grande homenagem às canções imortais da música americana, sua contribuição como um dos maiores símbolos dessa mesma cultura. Embora em sua biografia tenha afirmado também que, apesar de admirar Sinatra, “tinha mais o que fazer do que ficar parado escutando aquele lance”.

A mesma crítica que elogia também elaborou uma teoria para essa nova série de regravações. Ao seu ver, tratou-se de mercado. Em 2015, Shadows in the Night ficou em sétimo lugar na parada dos Estados Unidos e primeiro entre os mais vendidos na Inglaterra.  Fallen Angels saiu ocupando a sétima posição nos EUA e a quinta no Reino Unido.

Fonte: Correio 24h

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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