Máquina transforma xixi em água potável

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Beber xixi pode até parecer nojento. Mas um grupo de cientistas da Universidade de Gante, na Bélgica, provou que não precisa ter asco: eles criaram uma máquina que usa apenas energia solar para transformar urina em água potável e em fertilizante para a agricultura.

Os caras confiam tanto na própria invenção que beberam, eles mesmo, o xixi limpinho – e vão até usar a água que resultou do primeiro teste para fazer cerveja.

A técnica é simples: em um tanque, a urina é coletada e aquecida, usando energia solar. Depois, o que sobra é filtrado por uma membrana que consegue remover 95% da amônia, uma substância tóxica, do xixi (é, ainda sobram 5%, mas os cientistas garantem que essa porcentagem não faz mal para a gente). Nutrientes como potássio, nitrogênio e fósforo também são separados da água, e podem ser usados para fertilizar a terra.

O primeiro grande teste da engenhoca foi feito pela equipe no festival Gentse Feesten, em Gante no norte da Bélgica – um evento de teatro e música que dura dez dias, e que costuma reunir cerca de um milhão de pessoas.

Lá, os cientistas colocaram o xixi captado nos banheiros químicos na máquina, e conseguiram recuperar, em duas horas, mil litros de água limpa – que será usada para fabricar cerveja, uma das maiores especialidades da Bélgica.

Transformar xixi em água potável não é exatamente uma novidade: desde 2008, na Estação Espacial Internacional, astronautas bebem água graças a um equipamento que recicla suor e urina.

No ano passado, Bill Gates apareceu em um vídeo bebendo “água de xixi” de uma máquina parecida com essa dos cientistas belgas (só que bem maior e menos prática).

E, além disso, um dispositivo chamado “Agua H2O” foi criado em 2009, com a promessa de “limpar” a urina com uma coisa chamada “carbono ativado”.

Beleza, tudo isso existe, só que a máquina dos belgas é a diferentona: primeiro, porque ela não usa eletricidade – só precisa de um solzinho para funcionar-; e segundo, porque ela é relativamente pequena – tem o tamanho de um carro médio (o oposto da máquina usada por Bill gates, por exemplo, que mais parecia uma fábrica inteira do que um dispositivo).

Por ser tão prática e barata, e por não precisar de combustíveis fósseis ou de grandes gastos de energia, a técnica pode ser aplicada em áreas rurais e em países em desenvolvimento, que não tenham acesso fácil à energia e nem dinheiro de sobra para investir em máquinas mais caras.

Mas, por enquanto, a engenhoca vai começar a ser usada em aeroportos e em estádios esportivos – além de servir para fabricar a cervejinha.

Fonte: Exame

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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