PF cumpre 30 mandados em nova fase da Lava Jato e vasculha a Eletronuclear

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (28) a 16ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Radioatividade.

O foco das investigações desta fase são contratos firmados por empresas envolvidas na Lava Jato com a Eletronuclear, as obras da usina nuclear Angra 3 e pagamentos de propina a funcionários da estatal.

Os agentes cumprem 30 mandados judiciais, sendo dois de prisão temporária e cinco de condução coercitiva. Eles acontecem em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói e Barueri.

Entre os presos está o presidente licenciado da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva.

Ele pediu o afastamento do cargo em abril, após virem à tona notícias de que ele teria recebido propina nas obras da usina nuclear de Angra 3. Parte das revelações foram feitas na delação premiada de Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa. O almirante nega ter recebido pagamentos indevidos.

A outra prisão temporária é dirigida a Flávio David Barra, executivo da Andrade Gutierrez responsável por representar a empresa no consórcio de Angra 3. Ele não foi encontrado na sua residência, no Rio, mas irá se apresentar à PF, segundo advogados do grupo.

Já os mandados de busca e apreensão acontecem contra Ricardo Ourique Marques, Renato Ribeiro Abreu, Petronio Braz Junior, Othon Luiz Pinheiro da Silva, Maria Celia Barbosa da Silva, Flavio David Barra, Fabio Andreani Gandolfo, Luiza Barbosa da Silva Bolognani e Ana Cristina da Silvia Toniolo.

Os mandados ainda atingem as empresas Eletronuclear, Aratec Engenharia Consultoria e Representações.

ELETROBRAS

A Eletrobras tem papéis na Bolsa de Nova York, onde é obrigada a prestar informações detalhadas de suas contas. Em abril, a estatal anunciou que não publicaria seu balanço nos EUA devido ao envolvimento na Lava Jato. Isso causou uma perda nas ações da companhia, o que levou investidores a preparar um processo contra a empresa.

O atraso na divulgação dos números se deve à necessidade de uma auditoria interna após o depoimento à Justiça do ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa também sustenta que, a exemplo do que ocorria na Petrobras, empresas privadas também formaram cartéis para atuar em outras áreas do governo: “Eletrobras, construção de hidrelétricas, portos e aeroportos”, elencou, em delação premiada, reafirmando o que já havia dito à CPI da Petrobras.

A Eletrobras percorre agora o mesmo caminho da Petrobras, pivô do esquema investigado pela Lava Jato. A Petrobras demorou cinco meses para publicar seu balanço nos EUA, até que uma auditoria interna chegasse ao valor de perdas sofridas com a corrupção (R$ 6,3 bilhões).

Desde o final do ano passado, a Petrobras foi alvo de cinco ações coletivas de indenização nos Estados Unidos (mais tarde unificadas), além de ações individuais de fundos de investimento.

LAVA JATO

Com início em um posto de gasolina –de onde surgiu seu nome–, a Operação Lava Jato, deflagrada em março de 2014, investiga um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras do país e políticos.

A 15ª fase da operação aconteceu no início do mês de julho e foi intitulada Conexão Mônaco, em referência a operações financeiras do ex-diretor no principado de Mônaco. Na ocasião, foi preso preventivamente o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Zelada.

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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