Oftalmologistas criticam atuação dos optometristas

No Relógio de São Pedro, há opções de consulta em optometria e venda de óculos - Foto: Luciano da Matta | Ag. A TARDE

A prescrição de óculos de grau por optometristas  (especialistas em compensar alterações visuais de origem não patológica) vem sendo questionada por oftalmologistas de todo o país.

De acordo com os médicos, alguns optometristas que atuam na capital baiana realizam supostos exames oftalmológicos e receitam óculos de forma indevida com o objetivo de induzir o cliente a comprar produtos, ainda que esses não sejam adequados à visão.

No entanto, a Sociedade Baiana de Óptica e Optometria, entidade vinculada ao Conselho Brasileiro de Óptica e Optometria, afirma que a prescrição de óculos por esses profissionais não é irregular e trata-se também de uma atribuição da profissão.

O assunto foi tema de debate nesta sexta-feira, 17, no XXIII Simpósio Nacional de Oftalmologia, que se encerra hoje no auditório do edifício Iguatemi Business Flat, no Caminho das Árvores.

Participante do evento, o presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Milton Ruiz, acredita que ao escolher um optometrista o paciente que apresenta um problema ocular elimina a possibilidade de ser submetido a um exame completo, capaz de apontar patologias relacionadas ao globo ocular e à visão.

“Somente um oftalmologista está capacitado para examinar o paciente e detectar doenças que, muitas vezes por conta de um tratamento indevido, são ignoradas e evoluem ao ponto de causar cegueira. Um exemplo delas é o glaucoma, que pode ser retardado se diagnosticado cedo”, afirmou.

Ainda de acordo com o representante da entidade, a decisão de prescrever deve partir de um oftalmologista, pois os  óculos fazem parte do tratamento médico. A indicação indevida, segundo Ruiz, pode trazer danos à visão do paciente.

“Muitas vezes, o paciente não necessita daquele grau prescrito ou, em outras situações, a pessoa sequer precisa usar óculos”, disse.

Exame ‘grátis’

O CBO denuncia também a oferta de exames oftalmológicos gratuitos realizados por optometristas em clínicas situadas no centro da cidade. Essas unidades médicas, segundo a categoria, estão associadas a óticas de pequeno porte, para promover a venda indiscriminada de óculos de grau.

A equipe de reportagem esteve no final da manhã desta sexta na avenida Sete de Setembro, nas proximidades do Relógio de São Pedro, e constatou a presença de funcionários de óticas oferecendo consultas gratuitas.

A repórter se passou por uma interessada em consulta oftalmológica e recebeu  diversos folhetos de clínicas conveniadas a óticas e que oferecem o serviço de forma gratuita.

Segundo o funcionário de uma delas, a consulta seria feita por um oftalmologista e a gratuidade estaria condicionada à prescrição de óculos de grau. Caso o profissional constatasse a não necessidade do seu uso, o paciente teria de arcar com o  custo  da consulta, R$ 80.

Um funcionário de outra clínica disse que a consulta gratuita seria realizada por um optometrista que atuava nas instalações da ótica. Mas, caso a receita fosse aviada pelo profissional, a compra só poderia ser realizada no local. “A receita fica presa na ótica, não dá para comprar em outro lugar”, informou o funcionário.

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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