Câmara de Vereadores se apequenará com acomodação e relativização das ofensas à Casa – Opinião – Maurílio Fontes
Nos últimos dias, o editor do site conversou com uma pessoa ligada ao governo municipal sobre as atitudes da secretária de Infraestrutura e Planejamento Urbano, Sônia Fontes, na audiência pública que tratou da privatização da rodoviária.
“Não há chance nenhuma da moção de repúdio ser aprovada”, disse o interlocutor com grande convicção.
Contudo, as tentativas de acomodação e de relativização dos fatos não esconderão uma verdade: se os vereadores recuarem da discussão e da votação da moção de repúdio, a instituição ficará marcada como um poder menor, que se dobra aos interesses do Executivo e não respeita a si mesmo.
Aqui, não se avalia o embate entre pessoas, que tangencia o problema, porque a mal estar foi entre instituições que deveriam manter o respeito recíproco.
Na vida privada ninguém pode ditar normas nas casas alheias. Isso também vale para a atividade pública, tão cheia de simbologias.
O governo municipal busca a unanimidade, não há dúvida. Deseja o aplauso fácil: é evidente pelas sucessivas ações na tentativa de controlar a mídia.
Uma mídia dócil é tudo o que eles querem. Mas, muitas vezes a realidade se impõe (vide campanha das diretas) e a mídia se vê obrigada a ser instrumento de divulgação dos fatos. Se falta água, não há como esconder isso.
Os fatos ocorridos na Câmara de Vereadores foram públicos. E este foi o objetivo da audiência da última quinta-feira: comunicar à sociedade alagoinhense aquilo que a administração quer fazer com a recém municipalizada rodoviária.
O descontrole da secretária de Infraestrutura não estava no script. Mas aconteceu. É inegável. Indiscutível. De péssimo gosto.
Resvala para um tempo em que o carlismo campeava na Bahia e impunha sua vontade à ferro e fogo, sem que houvessem espaços para contraditar os desejos imperiais do chefe.
Voltar atrás na discussão e votação da moção de repúdio será apequenar a Câmara de Vereadores.
Cabe à base do governo não aprová-la. É aceitável.
Mas não levá-la hoje ou na próxima sessão à apreciação de uma Casa ofendida por seu livre pensar não será um bom começo para esta nova legislatura.
Que ficará marcada por sua vinculação siamesa com o Executivo.