Morador de favela no Brasil consome por ano o que governo planeja economizar

O aumento da renda no País promoveu uma série de mudanças na sociedade brasileira, além de diminuir consideravelmente o número de miseráveis. Segundo dados do Ministério do Trabalho, de 2003 até 2014 o salário mínimo teve aumento de 73%, alta que tem um efeito multiplicador em todo o setor produtivo.

O morador das favelas brasileiras movimenta por ano R$ 68,6 bilhões, segundo dados de pesquisa inédita feita em fevereiro pelo instituto Data Favela, com apoio do Data Popular e da Central Única das Favelas (Cufa), e que será divulgada durante o 2º Fórum Nova Favela Brasileira, na terça-feira (3), em São Paulo. O consumo por habitante (per capita) chega a R$ 5.577,24 por ano.

Para se ter uma ideia comparativa da expressão do consumo desse público específico no cenário nacional, basta lembrar que o governo federal tem como meta um superávit primário (economia de gastos públicos) de R$ 66 bilhões neste ano – equivalente a 1,2% de todos os bens e serviços que produzidos no período.

Os 12,3 milhões de moradores nas favelas brasileiras, segundo a pesquisa, elevaram o acesso a bens e serviços de 2013 para 2015. No primeiro ano, 46% dos lares tinham TV de plasma, LED ou LCD, ao passo que em 2014 esse percentual subiu para 67% nos domicílios das comunidades.

A máquina de lavar, antes um bem considerado inacessível a essa parcela da população, hoje é eletrodoméstico presente em 75% das casas, ante 69%, em 2013.

O estudo mostra ainda que, em relação à posse de carro, 24% dos moradores têm veículo próprio. Em 2013 eram 20%. Motos: 14% em 2015, ante 13% em 2013.  E os moradores não querem parar de consumir. Nos próximos 12 meses, planejam comprar principalmente notebook, tablet e TV de plasma.

Essa mudança econômica e, consequentemente, comportamental provoca mudanças até na maneira de se fazer pesquisas no Brasil.

Dados do levantamento apontam ainda que os moradores nas favelas estão mais endividados: 35% das pessoas possuem dívidas hoje, enquanto esse percentual em 2013 era de 27% tinham dívidas.

Atualmente, o endividamento é mais alto entre as pessoas de 35 a 49 anos – 45% da população nessa faixa etária têm dividas. Por outro lado, a inadimplência permanece estável nos últimos anos. Hoje, 22% têm conta atrasada há mais de 30 dias.

Os moradores também estão preocupados com a alta dos preços dos produtos e com a dificuldade para pagar as contas. A cada 10 moradores, 8 têm medo da inflação. Quanto menor a renda, mais forte é a preocupação com os preços: 82% da classe baixa, 80% da classe média e 73% da classe alta têm medo da inflação. Já para 53% está difícil pagas contas. Para lidar com a inflação, 86% dos moradores das favelas costumam pesquisar os preços dos produtos.

Metodologia

O estudo foi feito em fevereiro deste ano, pelo instituto Data Favela, com apoio do Data Popular e da CUFA, com 2 mil moradores, de 63 favelas, localizadas em nove regiões metropolitanas e também no Distrito Federal (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Brasília).

Fonte: iG

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo