Limites de gastos na campanha são um convite à desobediência
No dia em que o Banco Central lançou a cédula de R$ 200 com o lobo-guará de estrela, um bate-papo de deputados ironiza: se depender dos limites de gastos estipulados pela Justiça, em vez do lobo-guará, voltaremos aos caça-níqueis.
O dinheiro é curto, vá lá, mas, pior que isso, eles levam em conta atividades econômicas e critérios populacionais que acabam gerando distorções expressivas.
Veja: um candidato a prefeito em Salvador, com quase dois milhões de eleitores, o quarto maior eleitorado do país, pode gastar até pouco mais de R$ 14,6 milhões. Já em Feira de Santana, o segundo, com 400 mil, cinco vezes menor, só pode gastar até R$ 1,5 milhão, dez vezes menos.
Contradições — Pior: em Vitória da Conquista, o terceiro maior eleitorado da Bahia (231.176), um candidato a prefeito só pode gastar até R$ 579 mil, mas em Camaçari, um município menor, com 158 mil eleitores, um candidato ao mesmo posto pode gastar R$ 4,1 milhões, a segunda maior cota da Bahia.
Isso indica que os critérios adotados levaram em conta também o faturamento do município. Outro exemplo vem lá do oeste baiano: em Barreiras, 96.559 eleitores, o limite é de R$ 744 mil, mas Luís Eduardo Magalhães, menor, com 65.734 eleitores, é de R$ 1,1 milhão.
Mas na maioria dos municípios o limite é o mínimo R$ 108.039. Deputados dizem que as portas dos caixas dois, três etc. estão escancaradas.
Fonte: A Tarde