Alagoinhas: Aliança PT/Avante/RenovaBR junta “ideologias” antagônicas e demonstra incoerência – Maurílio Fontes

A aliança entre PT e Avante, anunciada no dia 21 em release produzido pela assessoria de comunicação petista, que supostamente indicaria o fortalecimento da pré-candidatura do vereador Luciano Sérgio na disputa majoritária, merece análise mais acurada e sem as paixões comuns neste momento de pré-campanha.

Apoios são bem-vindos, geram expectativas positivas, mas também demarcam incoerências, algumas delas capazes de jogar por terra o discurso dos envolvidos.

O PT de Alagoinhas busca desesperadamente alianças na tentativa de proporcionar musculatura ao vereador Luciano Sérgio, que não tem carisma, não empolga e em tempos de pandemia se transformou em “rei das lives”,  muitas delas enfadonhas e sem engajamento. Ou seja, distantes dos resultados desejados.

Em diversos textos registrei a competência parlamentar de Luciano Sérgio e os atributos que fazem dele um dos melhores vereadores de Alagoinhas. Seguramente, está entre os três mais produtivos da atual legislatura (2017-2020).

Em contraponto aos elogios, há muito mais de um ano vaticinei que ele não empolgaria e não cresceria nas pequisas eleitorais (friso que não vi aferições recentes, mas terei acesso em breve, o que certamente confirmará meus prognósticos).

Ser bom parlamentar não indica, necessariamente, ter condições de concorrer à Prefeitura de Alagoinhas.

E Luciano Sérgio é o mais cristalino exemplo do cenário que o PT enfrenta neste pleito.

O Avante, comandado na Bahia pelo Pastor Sargento Isidório, deputado federal mais votado em 2018, é legenda de aluguel (como tantas outras), que mistura um certo messianismo anacrônico, assistencialismo com recursos públicos em nome de Jesus, declarações polêmicas, em sentido inverso da coerência, praticando a velha política que se traduz em votos, muitos votos, de pai para filho.

Em Alagoinhas, no microcosmo da política local, o vereador Ozeas Menezes, que exerce o primeiro mandato, quer passar o bastão à sua filha Luma Menezes, que será, certamente, a candidata preferencial do Avante.

O vereador tenta criar uma linhagem política tão similar àquelas que marcam a ocupação de cargos eletivos no Brasil. “Tudo dantes como no quartel de Abrantes”.

Aí é que entra a incoerência (e nem vou falar dos cargos que o vereador teve no governo joaquinista) que poucos veem e preferem passar ao largo para não criar arestas.

A pré-candidata adota discurso da “nova política” e está enredada pelos velhos métodos (apoio do pai ao governo municipal em troca de cargos, cuja família foi beneficiada).

Em seu material informativo, a pré-candidata diz que é formada em política pelo RenovaBR.

O empresário Eduardo Mufarej é o fundador do RenovaBR.

O dito cujo construiu carreira no mercado financeiro.

É para o tal “mercado financeiro”, à custa do suor e da exploração dos trabalhadores, que governos definem suas políticas públicas (vide Trump/Bolsonaro/Guedes).

Não dá para descolar a aliança PT/Avante/RenovaBR da macro realidade nacional e das características locais, tentando vender uma modernização da política que é falsa, mentirosa e sem sustentação prática/teórica.

“Se o país é de todos, a política também tem que ser” é o lema do RenovaBR, que se apresenta como “a maior escola de democracia do Brasil”.

Balela, que beira a descaração e a tentativa de “comprar mandatos” à margem dos partidos políticos, que para estes tipos de instituições são simples hospedeiros daqueles que disputam eleições.

Os compromissos dos eleitos nunca estarão em consonância com as linhas programáticas das legendas e sim com o ideário liberal destas  instituições (Acredito, RenovaBR, Fundação Lemann), que trabalham para desacreditar a política e os políticos, sob o manto da falsa renovação (renovação baseada na faixa-etária é uma mentira grandiloquente, pois ser progressista e vinculado aos interesses da população nada tem a ver com idade).

Alagoinhas, na próxima eleição, será palco de “um experimento” que parece ser novo, mas tem como pano de fundo a atuação de grandes empresários que desejam se assenhorar da política e definir os destinos do Brasil sem disputar eleições.

O que eles fazem é terceirizar o exercício de mandatos eletivos nas três esferas parlamentares como se apenas seus representantes fossem capazes de praticar a boa política.

Nada mais falso.

Mas ao PT de Alagoinhas a coerência pouco importa.

O que vale é a tentativa de inflar a pré-candidatura de Luciano Sérgio ao Executivo.

Seja com quem for.

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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