Para não ficar em 3º lugar, Aécio busca se firmar como oposição real a Dilma

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, deverá subir o tom das críticas à presidente Dilma Rousseff. Essa é a forma que seus correligionários veem para que ele possa se garantir no segundo turno de uma disputa que, com a chegada de Marina Silva, passou a ser um problema. Se antes a preocupação do partido era assegurar a realização do segundo turno, hoje o partido já não tem mais dúvida de que ele será disputado. A dúvida agora passa a ser se Aécio estará nele.

Por enquanto, correligionários do senador mineiro procuram falar com otimismo. A tese de alguns tucanos é que Aécio precisa se colocar como opositor de Dilma de forma mais clara e mais vigorosa como forma de se diferenciar de Marina. Assumir rapidamente o papel de alternativa viável a presidente.

Aécio já inaugurou um discurso mais firme contra Dilma e passou a direcionar críticas ao seu partido, algo que até então não vinha acontecendo. “O nosso projeto é antagônico ao projeto ao PT. O nosso grande adversário nessa eleição é o modelo de governo que aí está, com o aparelhamento da máquina pública casado à ineficiência e com uma visão distorcida do mundo”, criticou o tucano. “Temos um projeto cujo nosso adversário é o governo central. Nosso antagonismo é com o PT”, reforçou.

Antes do acidente que vitimou Eduardo Campos, o discurso de Aécio era crítico, mas com doses generosas de moderação. Chegou a defender o Bolsa Família e o Programa Mais Médicos, bandeiras importantes da gestão petista. Agora, tangencia esses temas de forma mais crítica. “O PT optou por uma política social de administração da pobreza. Nós, por outro lado, estamos apresentando propostas que buscam a superação da pobreza. O nosso antagonismo continua sendo com o PT que é o nosso real adversário”, reforçou Aécio.

No dia 12 de agosto, véspera do acidente de Campos, falando em Imperatriz, no Maranhão, Aécio tratou do tema Bolsa Família de maneira bem mais amena. “O presidente Lula teve a virtude de ampliá-lo e a minha expectativa é que ele não apenas seja mantido, como, no que depender de mim, vire política de Estado. Porque aí, independente de qual seja o candidato ou o partido que vier a vencer as eleições agora no futuro, ele continuará. Mas quero mais. Quero essas famílias mais qualificadas, quero fazer o Brasil voltar a crescer e se desenvolver para gerar empregos cada vez de melhor qualidade”, discursou o tucano.

Sem mudanças bruscas

Apesar de reconhecer a necessidade de um posicionamento mais oposicionista, alguns tucanos ponderam que é preciso maturar o sentimento de comoção que cerca a candidatura de Marina. Decantar é preciso, dizem os tucanos nos bastidores. O PSDB acredita que mais 10 dias poderão dar uma dimensão mais clara do poder de fogo eleitoral de Marina e do quanto o sentimento de comoção dara musculatura para a candidata do PSB.

Essa ala do partido acredita que até que se tenha uma avaliação mais clara desses dois aspectos, não seria aconselhável fazer mudanças radicais na estratégia da campanha. Alguns acreditam que passado o período mais delicado do trauma gerado pela morte de Campos, a disputa poderá ficar menos passional e a objetividade facilitaria o enfrentamento a Marina por uma vaga no segundo turno.

 Sua passagem por Mato Grosso e Mato Grosso do Sul obedece também a outra lógica muito defendida nos bastidores do PSDB: ser sutil no enfrentamento a Marina. Aécio então resolveu bater num nervo de Marina sem, entretanto, fazer isso de forma frontal, de maneira que o golpe atinge a um objetivo sem gerar prejuízos que um ataque evidente e direto teria.

“Quero aqui hoje, em Dourados, reiterar o meu compromisso em fazer um governo parceiro do agronegócio. O Brasil hoje deve ao esforço dos homens do campo, na agricultura e na pecuária, o crescimento que vem tendo”, disse Aécio. “Ou compreendemos de forma definitiva que o agronegócio é a principal alavanca para o desenvolvimento econômico, mas também social do país, ou vamos estar daqui a pouco, infelizmente, nos confrontando com o crescimento negativo da nossa economia”, acrescentou .

O recado está dado para o setor sem, no entanto, provocar a revolta de um eleitor que reconhece Marina fragilizada em função da tragédia que vitimou Campos na semana passada. Internamente, é assim que correligionários acreditam ser a melhor forma de minar o fenômeno Marina. Apostam ainda no vigor eleitoral que a estrutura do PSDB poderá proporcionar a Aécio, algo que acreditam, a candidata do PSB não terá. Aécio também deverá atacar a falta de experiência de Marina. Mais uma vez, deverá fazer isso de maneira cuidadosa.

 

Fonte: iG

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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