Reitor da Ufba diz que “desbloqueio é importante, mas não é suficiente”

O reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), João Carlos Salles, afirmou nesta segunda-feira, 30, em entrevista concedida ao UOL, que o desbloqueio de R$ 1,2 bilhão anunciado pelo MEC (Ministério da Educação) para universidades e institutos federais é importante, mas ainda é insuficiente.

“É importante, mas não é suficiente. O desbloqueio é até um reconhecimento de que as universidades não poderiam suportar um tempo a mais [com a verba congelada]”, declarou Salles.

De acordo com o reitor, “as universidades já têm feito medidas para adequar seus gastos e suas despesas” a um orçamento que, mesmo antes dos bloqueios, já era defasado. “Há uma defasagem do orçamento das universidades que vem desde 2014 e que é crescente. Em relação ao crescimento das universidades, à inflação. Ou seja, precisaríamos de mais e estamos tendo menos”.

Na entrevista, ele também destacou que o “esforço de diálogo” dos reitores com fornecedores e com a comunidade acadêmica para garantir o funcionamento das instituições. “Os reitores têm tomado medidas de contenção de despesas, serviços têm sido reduzidos. O que acarreta prejuízo, é claro, para o exercício pleno das nossas atividades. Mas temos feito um esforço para garantir o essencial nas nossas universidades.”

Para o reitor, não é possível prever até quando as universidades seguirão em funcionamento após a liberação de verbas. “Depende da situação de cada universidade. Estamos vivendo já na situação de dívida, em algumas é maior, existe um passivo por causa dessa defasagem. Mas é difícil dizer isso como uma medida comum”.

Ainda conforme Salles, a comunidade acadêmica continuará pressionando para que o orçamento destinado às universidades e institutos federais seja integralmente desbloqueado. “Vamos continuar fazendo pressões junto ao MEC, ao Parlamento, em todas as formas possíveis perante a sociedade para mostrar a necessidade de garantir esse recurso e a execução integral do nosso orçamento”.

João Carlos Salles, reitor da UFBA e presidente da Andifes (Foto: Margarida Neide l Ag. A TARDE l 15.10.2018
João Carlos Salles, reitor da UFBA e presidente da Andifes (Foto: Margarida Neide l Ag. A TARDE l 15.10.2018)

Contenção de despesas

A Universidade Federal da Bahia (Ufba) determinou na semana passada novas medidas de redução de custo operacional, na tentativa de manter os câmpus em funcionamento. A situação está relacionada ao bloqueio de verbas feito pelo governo federal.

Hoje, cerca de R$ 53 milhões estão retidos, valor equivalente a quatro meses de funcionamento da instituição. As medidas de ajuste para conter gastos têm sido frequente em várias universidades.

O governo federal tem justificado o bloqueio de verba com a crise financeira do País e a dificuldade de arrecadação. O Ministério da Educação tem afirmado que vai liberar recursos se houver folga orçamentária.

Uma das principais apostas da pasta para as federais é o programa Future-se, que prevê alavancar a captação de verbas privadas para as instituições. O Estado mostrou esta semana, porém, que a maioria das universidades rejeita a ação.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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