‘Black Fraude’: evite cair no falso desconto

Os especialistas em marketing asseguram: promoção é uma palavra que encanta todo mundo, até mesmo os mais abastados. Não é à toa que as estimativas apontam para um crescimento médio na sexta-feira, 24, de, pelo menos, 15% nas vendas, por conta da Black Friday.

O consumidor, entretanto, deve ficar atento e ligar o alerta máximo para não cair na chamada “Black Fraude”, termo que já se popularizou, por conta de falsas promoções e venda de produtos com defeito ou de qualidade duvidosa durante a data.

80% tem sido o máximo de desconto oferecido pelos estabelecimentos, mas, na prática, salvo raras exceções, a maioria dos produtos  tem desconto médio de 25%

Embora não alcance a maioria dos estabelecimentos comerciais, a prática, infelizmente, ainda é muito comum na data, conforme apuração dos órgãos de defesa do consumidor.

Na Bahia, o Procon começou a monitorar os preços desde o mês passado. O objetivo é verificar se as lojas não aumentaram os valores de venda dos produtos para, sexta, simular uma falsa promoção.

“É aquela história: tudo pela metade do dobro”, resume o diretor de fiscalização do Procon-BA, Iratan Vilas Boas.

Nesta sexta, o órgão mantém as equipes fiscalizando não apenas os eventuais falsos descontos, mas outras irregularidades, como anúncio de oferta de promoção com percentual elevado e que, depois, não se verifica em nenhum produto.

“Na vitrine está escrito, por exemplo, que tudo está com até 80% de desconto mas, na prática, o máximo que se encontra mesmo são mercadorias com até 15% de abatimento”, explica Vilas Boas.

Há ainda os casos de produtos vendidos com avaria, sem a devida informação prévia ao consumidor, e até mesmo a venda do que sequer existe no estoque da loja, tornando a entrega uma dor de cabeça para o consumidor.

O Procon baiano estará de plantão especial nesta sexta durante a Black Friday. O consumidor mais cuidadoso pode até fotografar e denunciar na hora qualquer irregularidade: basta baixar o aplicativo do órgão (Procon-BA Mobile).

É possível também conferir previamente nos postos do órgão se já consta denúncia contra algum estabelecimento comercial antes de efetuar a compra.

Desconto real

O economista Denilson Lima, da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), explica que a Black Friday pode representar uma possibilidade de desconto real, “mas talvez não em percentuais tão elevados como os que, muitas vezes, são anunciados para atrair o consumidor”, como frisou. “A promoção efetiva pode ser fruto de uma negociação especial com fornecedores, estratégia eficaz nos casos de grandes redes nacionais”, completa.

Para as lojas menores, o único caminho, segundo o economista, é o planejamento da ação, com redução da margem de lucro até o limite de ganho compensatório com o aumento das vendas, na chamada economia de escala. “É que o comerciante para oferecer um desconto efetivo precisa levar em consideração o limite imposto por seus custos fixos, variáveis, além da carga tributária, esta infelizmente não negociável com o Fisco”, explica.

Décimo terceiro

A oferta de descontos reais, entre outros benefícios e serviços de qualidade, durante a Black Friday, segundo Denilson Lima, pode até representar uma redução da margem de lucro para a empresa, mas com ganhos que podem compensar  “a perda”, a exemplo da imagem junto ao público, popularização do estabelecimento, fidelização de clientes e liberação de estoque com dificuldade de venda, entre outras vantagens obtidas com a participação na promoção coletiva no final de novembro.

A data do evento também acaba seduzindo o consumidor a destinar parte do décimo terceiro salário para compras, já que o consumidor se vê  tentado a aproveitar oportunidades reais de desconto.

“Antes de ir às compras, portanto, o consumidor, por sua vez, deve avaliar o orçamento doméstico, situação de endividamento, necessidade real do produto, mesmo que esteja com um preço atrativo, além das despesas previstas para os próximos meses, como matrícula em escola ou faculdade, material escolar e impostos no início do próximo ano, como o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU”, alerta o economista da SEI.  O ideal, segundo ele, é começar a pesquisar o preço de um produto desejado desde agosto, já visando a compra na Black Friday, em novembro.

Shoppings

A Black Friday, que se iniciou no comércio eletrônico americano, foi adotada, há cerca de cinco anos, até pelas lojas físicas brasileiras. A data, geralmente a última sexta-feira de novembro, entrou para o calendário do comércio.  Este ano, a  maioria dos shoppings de Salvador vai estender o horário em, pelo menos, uma hora e boa  parte das lojas-âncora, por exemplo, já começa a funcionar às seis nesta sexta.

ARMADILHAS DE ‘BLACK FRAUDE’

Falso desconto – Caso comum de produtos que sofreram aumento nos meses anteriores ao evento para simular um desconto na data. “Tudo pela metade do dobro”, resume o diretor de fiscalização  do Procon-BA, Iratan Vilas Boas

Sem produto – Produtos vendidos sem que sequer estejam no estoque e que depois levam meses para ser entregues ao consumidor, em casos muito comuns no comércio eletrônico. Nas lojas físicas, o desconto é de até 80% ou 90%, mas para a resposta para o produto de desconto máximo é sempre a de que “acabou”

Site suspeito – Venda em sites que não contém endereço do estabelecimento, número no cadastro da pessoa jurídica (CNPJ) ou telefone para contato. O problema é também muito comum nas vendas por redes sociais, que este ano também estão sendo fiscalizadas pela Procon.

 

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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