Trabalhadores em educação da Prefeitura de Pedrão entram em greve por tempo indeterminado
Depois de esgotarem todas as alternativas para evitar a paralisação de suas atividades, os trabalhadores em educação da Prefeitura de Pedrão decidiram entrar em greve por tempo indeterminado na próxima segunda-feira (25).
Os salários continuam atrasados, as condições de trabalho nas unidades escolares são degradantes e a administração municipal, ao longo dos últimos três anos, relegou a educação pedronense a plano secundário (embora o discurso oficial transite em direção contrária).
Sem diálogo com os gestores, a alternativa que restou aos trabalhadores foi a paralisação, definida em assembleia geral da categoria na semana passada.
Nazia Campos, dirigente da APLB Sindicato – Núcleo Pedrão, reconhece que a greve será prejudicial aos alunos, mas alega que o pagamento dos salários, dever básico da prefeitura, não vem sendo cumprido como determina a lei. “Os trabalhadores enfrentam neste momento uma situação insustentável, pois precisam receber os salários para manter suas famílias e ainda pagar o transporte visando chegar às unidades escolares”, salientou.
Antes da greve, a APLB tomou algumas providências: comunicou formalmente ao poder público municipal sobre o início da paralisação; representantes da categoria visitaram a Escola Luiz Viana Filho para apresentar aos alunos os motivos da paralisação e mostrar os extratos da conta que confirmam os repasses de recursos do governo federal para a Prefeitura de Pedrão (no mês de março: R$1.041.362,81; entre o dia 1º e 14 abril ingressaram nos cofres públicos mais de R$ 500 mil).
“Mesmo com recursos disponíveis, os salários estão atrasados e o prefeito não apresentou datas confiáveis para saldar os débitos”, assegurou Nazia.
A visita contrariou a secretária municipal de Educação, Tatiana Sousa, que por intermédio de nota publicada no Facebook acusou o sindicato de ter “adentrado as dependências de escolas municipais com objetivo de propagar falsos dados”.
A secretária fez graves acusações ao sindicato, mas omitiu uma informação importante: a escola é pública e o diálogo entre a representação sindical e os trabalhadores é algo normal no estado democrático de direito.
De outro lado, a gestora da SEDUC, no afã de defender o governo, omitiu ainda que a diretora da escola visitada está com o salário atrasado e é parte interessada na resolução do problema, que se arrasta há meses, sem nenhuma perspectiva de solução.
Claramente, a nota objetiva desvirtuar os fatos e tenta eximir a administração municipal dos problemas enfrentados pelos trabalhadores em educação.
Então, de quem é a responsabilidade?
O Alagoinhas Hoje está à disposição da Prefeitura de Pedrão e da Secretaria Municipal de Educação. Em outra oportunidade, questionamentos foram enviados para o WhatsApp da secretária e nenhuma resposta foi obtida pelo site.
APLB
A dirigente da APLB Sindicato contesta o teor da nota da SEDUC e afirma que a diretora da escola foi informada sobre o ingresso nas salas para comunicar os estudantes sobre a greve. “Não houve insubordinação de nossa parte, ao contrário do que registra o texto do governo”, garantiu Nazia, ressaltando “que a escola é pública”.
Ela também nega que a greve tenha motivações eleitorais. “Estamos defendendo os trabalhadores em educação, nada mais do que isso”, disse.
A escola visitada pelos trabalhadores está em estado precário: aparelhos eletrônicos sem funcionar, fios de eletricidade expostos, salas sem ventilação, carteiras quebradas, professores sem cadeiras e mesas.