Voluntários oferecem educação de qualidade à crianças do campo

Uma pintura no céu anuncia o novo dia. Nathaly Crisóstomo tem 9 anos e vai para a escola, mas até chegar no ponto onde passa a van tem uma longa caminhada. É a rotina das crianças do campo.

A distância entre a escola e a casa dos alunos normalmente é de vários quilômetros. E, como a estrada é de terra, esse trajeto fica ainda mais longo. Em dias de chuva, em trechos onde a estrada está pior, o transporte escolar nem consegue passar e as crianças ficam sem aula.

Olhando para os lados, dá pra ver a distância entre as casas no campo. Um amigo para brincar pode estar muito longe. A escola vira um lugar não só para adquirir conhecimento, mas também onde a criança aprende a se socializar.

Muita coisa se aprende na escola, mas escola, assim, na zona rural, está ficando difícil encontrar. O número de escolas rurais vem diminuindo ao longo dos anos. Segundo o Inep, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, ligado ao Ministério da Educação, cerca de 35 mil escolas foram fechadas de 2004 para cá, uma queda de 35,5%. O número de alunos no mesmo período também diminuiu, quase 26%. São 2 milhões de estudantes a menos na zona rural.

As crianças passaram a se deslocar até escolas nas zonas urbanas, mas para os educadores, escola mais perto de casa diminui a evasão escolar.

É isto que a Escola Madre Teresa faz pelos alunos, crianças do primeiro ao quinto ano, o chamado Ensino Fundamental I. No primeiro ano, os alunos capricham na letra, escrevem, apagam os erros, começam de novo. João Gabriel Gonçalves, do segundo ano, mostra que já aprendeu a ler.

Na sala da Nathaly, a aula é de matemática. Como já acabou o exercício, ela ajuda o colega nos cálculos. O nome de Nathaly aparece em todos os resultados das Olimpíadas de Matemática da escola, mas para quem não consegue acompanhar a classe, existe um grupo de estudo.

E é na aula de musicalização que eles esquecem a timidez e soltam a voz e o corpo. Margareth Pedrosa é professora voluntária e envolve as crianças com músicas antigas. “Eu tento colocar só músicas de 50 anos atrás e do folclore. Faço pesquisas na comunidade com as mães e os avós”, conta.

Apesar das dificuldades, a escola consegue seus feitos. O material didático é um deles. Atendimento odontológico, com um grupo de dentistas voluntários, é outro diferencial.

E quem disse que escola rural não pode ser antenada? Aqui tem sala de informática, outra grande conquista. A sala tem hoje 12 computadores e as crianças desde bem pequenas, já fazem suas pesquisas.

É o mundo se abrindo, o quintal ficando cada vez maior, inclusive com os passeios que a escola proporciona.

Depois do almoço, é hora de voltar pra casa. Na estrada, a mãe e o irmão da Nathaly, Moisés, de 14 anos, já esperam por ela. Descem a escada feita de pneus e quando chegam em casa, Nathaly mostra as medalhas das Olimpíadas de Matemática.

Nathaly está aprendendo a bordar com a mãe. Depois das aulas, elas fazem seus trabalhos manuais, mas isso não é só diversão, é complemento de renda também. O pai de Nathaly está em tratamento médico e, no momento, sem trabalho. A família vive com muito pouco.

Ser alguém na vida é algo que a cada dia exige mais estudo. E esse estudo está cada vez mais distante da zona rural. Assista ao vídeo com a reportagem completa e veja a homenagem que os alunos da Escola Madre Teresa fizeram para demonstrar o significado do estudo na vida deles.

Fonte: Globo Rural

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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