Bahia vai contar com associação de portadores de doença intestinal

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Com apenas 17 anos, Verenna Melo foi internada com uma dor fortíssima na barriga. Ao longo de seis meses, esteve submetida aos mais diversos exames para tentar descobrir o que estava acontecendo. Em 1995, teve o diagnóstico: era portadora de uma doença inflamatória intestinal (DII). O intestino estava necrosado e parte dele teve que ser retirado. Por muito tempo, ela não podia comer nada que fosse inflamatório. “Era um período difícil, sobretudo porque nos anos 90 não era tão fácil achar alimentos específicos”, diz.

Hoje com 38 anos, Verenna e um grupo de portadores dessa enfermidade – cujas manifestações mais comuns são a doença de Crohn e colite ulcerativa – apresentarão no próximo dia 21, na sede do Sindicato dos Servidores Federais do Ministério da Saúde, no bairro de Nazaré, a Associação Baiana dos Portadores de Doenças Inflamatórias Intestinais (Abadii). Na oportunidade, o grupo explicará como a associação vai funcionar. “Estamos buscando dar visibilidade a esse problema através da Campanha Maio Roxo, que é nacional, e deve tingir dessa cor alguns monumentos de Salvador”, completa a presidente da Abadii. Vale salientar que no dia 19 será celebrada a data mundial, o World IBD Day.

Mais que organizar os portadores, a Abadii pretende servir como uma ferramenta de troca de experiências e informações, além de garantir o suporte emocional para os membros e familiares que, na maioria das vezes, precisam lidar ainda com a ansiedade e a depressão diante de uma doença sem cura.

Causas desconhecidas

De acordo com o coloproctologista Alexandre Carvalho, a DII integra um grupo de doenças inflamatórias crônicas de causa desconhecida. “O problema pode acontecer em qualquer fase da vida, mas atinge picos entre os 15 e 30 anos e entre os 50 e 70 anos. Para que haja o desenvolvimento da doença é preciso que haja uma predisposição genética que pode ou não vir associada a fatores genéticos”, completa. O especialista destaca que, embora a incidência no Brasil seja considerada média, estudos realizados na Universidade Federal da Bahia (Ufba) pontuam que a prevalência no país vem aumentando. “A literatura médica diz que as populações brancas e de ascendência judaica concentram mais casos de DII”, completa o médico, destacando que o tabagismo é apontado como um fator de risco para a Doença de Chron, impactando de forma muito negativa o prognóstico do problema nos pacientes que fumam.

Dados levantados pela Organização Europeia de Doença de Chron e de Retocolite Ulcerativa e pela Associação das Federações de Chron e Retocolite Ulcerativa confirmam as pontuações da Ufba e mostram que a incidência das doenças intestinais cresceu 15 vezes nas últimas décadas nos grandes centros urbanos.

Dores fortes na  barriga, distensão e desconforto abdominais, mudanças nos hábitos intestinais (geralmente com a presença de diarreia), presença de sangue ou muco nas fezes, dor, ardor e sangramentos no ânus. Essas são algumas das manifestações clínicas da retocolite ulcerativa e a doença de Crohn, que podem evoluir de modo muito diferente de pessoa para pessoa, dependendo da localização e extensão da área onde a doença está instalada. O diagnóstico das DIIs é realizado por alguns exames de imagem, a exemplo da endoscopia, colonoscopia, enteroressonâncias e até mesmo biópsias. O tratamento, geralmente, se baseia no uso de medicações orais, como corticoides e a terapia biológica, que acelera a cicatrização da mucosa intestinal, reduz a necessidade de internação e cirurgia. No entanto, Alexandre Carvalho destaca que o uso dos biológicos exigem uma indicação muito precisa e não pode ser aplicado em todos os casos.

Fonte: Correio 24h

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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