‘Deputado falseou a verdade’, acusa PF

A Polícia Federal acusa o deputado Luiz Fernando Farias (PP/MG) de ‘falsear a verdade’. A PF descobriu que o parlamentar esteve no escritório do doleiro Alberto Youssef, peça central da Operação Lava Jato, no dia 20 de setembro de 2011, na Avenida São Gabriel, em São Paulo.

A visita foi registrada na portaria do prédio. O parlamentar foi fotografado. Esse documento, na avaliação da PF, desmente Luiz Fernando Farias que, em depoimento formal, negou conhecer o doleiro.

As informações constam do relatório que a PF enviou na semana passada ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do qual atribuem a Farias e ao deputado José Otávio Germano (PP/RS) crime de corrupção.

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A pedido da Procuradoria-Geral da República, o Supremo Tribunal Federal autorizou investigação contra 48 deputados, senadores, governadores e ex-parlamentares, supostamente beneficiários da rede de propinas. Luiz Fernando Farias e José Otávio Germano, ambos do PP, são dois deles.

A PF concluiu que Farias e Germano pagaram R$ 200 mil ao ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa (Abastecimento) – em troca da propina, o executivo da estatal petrolífera que se tornou o primeiro delator da Lava Jato abriu caminho para a empreiteira Fidens Engenharia, então sob presidência do empresário Rodrigo Alvarenga Franco, entrar na licitação de obras de terraplanagem da Refinaria Premium I, no Maranhão.

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Segundo Costa, os deputados levaram o dinheiro para ele em ‘embalagem de garrafas de cachaça’, em 2011. Uma etapa importante da investigação aponta para o doleiro Alberto Youssef, peça central da Lava Jato que, em delação premiada, disse que sabia antecipadamente o nome das empresas que ganhariam a licitação para terraplanagem da Premium I. Ele afirmou que manteve reuniões com empresários em seu escritório em São Paulo.

Tanto Luiz Fernando Farias quanto José Otávio Germano afirmaram que não conhecem o doleiro. A PF foi pesquisar e verificou que, ‘ao contrário do alegado a entrada do deputado Luiz Fernando Ramos Farias no escritório de Youssef em 20 de setembro de 2011′. ”Afastada, pois, mais uma alegação do investigado Luiz Fernando Ramos Farias, tendo sido comprovado que o parlamentar falseou a verdade”, diz o relatório da PF.

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Segundo o documento ,’o conjunto de provas indica que José Otávio Germano e Luiz Fernando Ramos Farias compareceram na Petrobrás, no final de 2008/2009, acompanhados de Rodrigo Alvarenga Franco com os cuidados para omitir tal reunião dos registros de entrada, e lá chegando, reuniram-se com Paulo Roberto Costa, então diretor de Abastecimento da Petrobrás, a quem foi solicitado viabilizar, mediante fraude, a contratação da Fidens Engenharia S/A a partir de procedimentos licitatórios, o que de fato ocorreu, a partir do ano de 2009, com a efetiva prática de ato, sagrando-se, indevidamente, a sociedade empresária vencedora’.

Segundo a PF, Paulo Roberto Costa recebeu os R$ 200 mil de Rodrigo Franco ‘por intermédio dos deputados José Otávio Germano e Luiz Fernando Farias, que operacionalizaram o pagamento nas dependências do Hotel Fasano, no Rio de Janeiro/RJ, seja no sentido de recompensa, seja para Paulo Roberto Costa se omitir, não impedindo a participação da Fidens em futuros procedimentos, em verdadeira cegueira deliberada’.

A reportagem tentou contato com os deputados do PP e com a Fidens, mas não obteve retorno.

Fonte: O Estado de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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