Segundo turno: a gestão do tempo de TV

1. O tempo de TV no segundo turno iguala os candidatos: 10 minutos para cada um.  Mas há um fundamental detalhe. Sempre que um candidato no primeiro turno tenha quase esses 10 minutos ou até mais, o segundo turno aparece como uma continuidade do primeiro, tirando impacto da TV. Já se um candidato tem um tempo de TV pequeno no primeiro turno –digamos 2 minutos- ao abrir o segundo turno e passar a ter 10 minutos é como se fosse um candidato revigorado.
            
2. Explico. Um candidato no primeiro turno com pouca exposição e visibilidade, nas quais está incluído –claro e principalmente- o tempo de TV, ao entrar no segundo turno com 10 minutos multiplicando –por exemplo- 5 vezes o tempo de TV, surge para alguns como um candidato que “não conheciam direito” e para todos como se surgisse fortalecido.
            
3. O eleitor reage em relação a esse candidato como se ele tivesse ressurgido de forma surpreendente, o que dá a ele um impulso muito forte. Se o programa de TV nesses 10 minutos souber trazê-lo de volta à telinha com toda essa força da surpresa, do fortalecimento e da renovação, ele se torna naturalmente competitivo, mesmo que a diferença entre os dois –ou as duas- no primeiro turno tenha sido significativa.
            
4. O candidato que já tinha esses 10 minutos –ou quase, ou mais- no primeiro turno, terá que criar no segundo turno uma sensação de novidade e não de continuidade em relação ao primeiro turno. É uma questão delicada. Não se trata de criar um novo candidato, o que passaria como farsa. Trata-se de renovar –quase recriar- o mesmo candidato. No início do programa de TV no segundo turno, fazer memória de pontos destacados no primeiro turno e de maior impacto no primeiro turno. Mas apenas como ponte para um programa recriado no segundo turno.
            
5. Essas terão que ser as habilidades da comunicação em TV e Rádio no segundo turno. A equipe do que já tinha os 10 minutos no primeiro turno deverá fazer a transição, usando o primeiro turno como referência inicial, mas renovando a forma e redesenhando o conteúdo.  Do outro lado, o candidato que viu seu tempo de TV multiplicado no segundo turno tem que minimizar a ponte e a referência ao primeiro turno e entrar no segundo turno como um vigoroso candidato, impulsionado pelos 10 minutos à disposição, renovado e “musculoso”.
            
6. Quem se descuidar –num e noutro caso- amargará a derrota. Os exemplos são muitos. Em 2006, o programa de Lula no segundo turno veio renovado e ajudou a mudar o quadro. Venceu. Em 2000 na eleição para a prefeitura do Rio, o programa do candidato à reeleição veio com todo cheiro de continuidade o que passou a sensação de ultrapassado. Perdeu.

Fonte: Ex-Blog de Cesar Maia

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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