Anvisa alerta contra sódio e gordura em rótulo de alimentos

Na hora de fazer compras no supermercado e escolher qual alimento levar, poderá fazer diferença a presença um símbolo que indica a presença de alto teor de açúcares adicionados, gordura saturada e sódio. 

A inclusão desse sinal é uma das recomendações de um relatório preliminar elaborado pela equipe técnica da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que avalia mudanças nas regras de rotulagem dos alimentos.

O documento, ao qual a Folha teve acesso, deve ser apresentado e discutido em reunião da diretoria nesta segunda-feira (21). Em seguida, segue para consulta pública.

Elaborado após revisão de estudos nacionais e internacionais e da análise de modelos sugeridos à agência e adotados em outros países, o texto dá força a propostas que incluem símbolos e mensagens de alerta para a alta quantidade de substâncias críticas se consumidas em excesso.

Segundo o relatório, a melhor opção é adotar, na frente da embalagem, o chamado semi-interpretativo, em que o consumidor pode ser informado sobre a composição do alimento, mas ao mesmo tempo pode manter a autonomia de decidir se quer comprá-lo ou não.

Esse tipo de rotulagem, segundo a agência, tem tido melhor avaliação de custo-benefício em outros países.

Hoje, esse tipo de alerta no rótulo de alimentos industrializados já é adotado ou é alvo de análise em alguns países, como Canadá e Israel.

No Brasil, propostas similares também foram sugeridas à Anvisa por algumas entidades, caso do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Opas (Organização Panamericana de Saúde) e Caisan (Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional), entre outros.

O objetivo é ajudar o consumidor a ter informações mais claras sobre o que está presente em cada alimento e, assim, escolher produtos mais saudáveis.

Apesar de recomendar a adoção de modelo de alertas para o alto teor de gordura, açúcar e sódio, o documento frisa, porém, que as evidências disponíveis ainda “não permitem concluir sobre o formato mais apropriado para facilitar o uso da informação pelo consumidor brasileiro”. 

Alguns modelos de design do alerta, no entanto, são apresentados no documento como opções a serem analisadas. Entre elas, estão octógonos, triângulos, círculos e retângulos com lupa –todos com avisos da alta quantidade das substâncias.

O relatório, porém, não descarta novas análises sobre outros modelos sugeridos à Anvisa, caso do “semáforo nutricional”, modelo sugerido pela indústria e que usa as cores verde, amarela e vermelha junto com dados sobre a quantidade de açúcares, gordura e sódio.

O texto ressalta que, em revisão de estudos, modelos de alerta levaram a melhor. É a estratégia adotada pelo Chile, onde produtos como salgadinhos têm um triângulo preto para indicar que é uma opção pouco saudável. No país, mascotes e brindes em doces foram proibidos.

Além de sugerir a inclusão de um sinal de alerta nas embalagens, o texto da Anvisa traz outras recomendações para mudança dos rótulos.

Uma delas é a declaração obrigatória dos açúcares “livres” e “totais” na lista de nutrientes da tabela nutricional, quadrinho com dados que fica na parte de trás do rótulo.

O primeiro indica o açúcar que é adicionado pela indústria durante a produção dos alimentos. Já o segundo está presente em outros ingredientes. De acordo com o relatório da Anvisa, esses nutrientes não são declarados hoje. O consumo excessivo de açúcares adicionados, no entanto, é considerado um fator de risco para ganho de peso.

A sugestão adotada pela equipe técnica, assim, é que esses ingredientes passem a ocupar o espaço das chamadas “gorduras trans”, tipo de gordura alvo de um processo de análise na agência para sofrer maior restrição ou até mesmo ser banida.

A tabela nutricional, aliás, também deve ficar mais clara. Em vez da ‘numeralha’ calculada por porção, o relatório recomenda que passe a ser adotado o padrão de 100 g ou 100 ml como base para todos os nutrientes.

A proposta atende a um apelo de especialistas e resultados de análise de um grupo de trabalho da agência, para quem as medidas hoje comumente adotadas –como “três bolachas”, “¼ de colher”, entre outras– não correspondem ao perfil de consumo da população e geram confusão.

O relatório sugere ainda retirar a presença das chamadas “alegações nutricionais” (caso daquele “0% gordura” que aparece na embalagem do biscoitinho fit, por exemplo).

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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