Paulo Cezar e as “casadinhas” eleitorais – Maurílio Fontes

Ex-prefeito de Alagoinhas entre 2009 e 2016, Paulo Cezar certamente é um dos políticos mais conhecidos pelos alagoinhenses.

Ele disputou eleições em 1988 e 1992 para a Câmara de Vereadores. Foi eleito e reeleito.

Na disputa municipal de 1996, assumiu o posto de candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo advogado Harnoldo Azi.

Perdeu a eleição e ficou sem mandato. João Fiscina (prefeito) e Judélio Carmo (vice-prefeito) foram os vitoriosos. 

Em 1998, naquilo que parecia ser uma aventura sem rumo, Paulo Cezar alcançou o primeiro mandato de deputado estadual.

Dois anos depois (2000), no pleito municipal, enfrentou o petista Joseildo Ramos, que até então não havia exercido cargo público eletivo. Paulo Cezar perdeu a disputa. A segunda derrota em sua trajetória política. 

Filiado a uma sigla nanica, na eleição de 2002, renovou o mandato de deputado estadual e se manteve na Assembleia Legislativa.

Na eleição seguinte (2004), as forças mais conservadoras da cidade o escolheram para  enfrentar novamente o então prefeito Joseildo Ramos, àquela altura com avaliação positiva, e o resultado foi a vitória, com extraordinária diferença de votos, do chefe do Executivo. Terceira derrota de Paulo Cezar. 

Em 2006, filiado ao DEM, Paulo Cezar obteve mais de 40 mil votos e não atingiu a meta planejada: conseguir o terceiro mandado de deputado estadual. A partir de fevereiro de 2007  ficou sem mandato. Quarta derrota. 

A alternativa mais imediata, que estava logo ali no horizonte, era a disputa pela Prefeitura de Alagoinhas, agora não mais com Joseildo Ramos, impedido de disputar o pleito em razão da reeleição (2004), mas enfrentando o petista Elionaldo de Faro Teles, político sem máculas e experiente em cargos públicos eletivos (vereador e presidente da Câmara de Vereadores de Alagoinhas) e no Executivo (secretário de Governo).

Numa disputa renhida, em 2008, a improvável vitória de Paulo Cezar se tornou realidade com a diferença percentual de 0,9% sobre o petista. Quinta vitória eleitoral de Paulo Cezar. 

Quatro anos depois (2012), quando volta a enfrentar Joseildo Ramos, pela terceira vez na disputa direta da principal cadeira do Paço Municipal, Paulo Cezar aplica uma surra histórica no petista, com diferença de votos nunca registrada em Alagoinhas. Sexta vitória. 

Aquilo que Paulo Cezar não conseguiu em 2006 (o terceiro mandato de deputado estadual), agora no PRP, sigla nanica vinculada ao situacionismo estadual, será tentado na disputa de 2018. 

Décima primeira eleição

Neste ano, Paulo Cezar disputará sua décima primeira eleição.

Em Alagoinhas, apenas o médico Jairo Azi disputou mais eleições do que o ex-prefeito de Alagoinhas.

O score eleitoral de Paulo Cezar Simões Silva registra quatro derrotas (1996, 2000, 2004 e 2006) e seis vitórias (1988,1992,1998,2002,2008 e 2012).

Casadinhas

Os políticos constroem alianças, mas os eleitores montam suas casadinhas, fazendo aquilo que acham mais conveniente. 

O cenário em Alagoinhas indica votos em Paulo Cezar e Joseildo Ramos, Paulo Cezar e Paulo Azi,  Paulo Cezar e João Carlos Bacelar (Podemos), político sem nenhuma vinculação com a cidade e envolvido até o pescoço em denúncias do Ministério Público Estadual (MPE), Paulo Cezar e em candidatos a deputados federais completamente desconhecidos de grande parte dos alagoinhenses. 

Alguns fatores colaboram para a formatação das casadinhas: em primeiro lugar, a completa fragilidade do candidato Geraldo Melo, escolhido pelo prefeito Joaquim Neto, que mesmo exercendo a medicina há muitos anos, ainda não aprendeu como se faz transfusão plena de votos; a insatisfação do eleitorado com a falta de vivência orgânica de Melo no município; a trágica passagem do candidato joaquinista pela Prefeitura de Alagoinhas (o rapaz não é talhado para o exercício de funções públicas); a dubiedade do PT em relação ao candidato que fará dobradinha com Joseildo Ramos; a quebra de compromissos firmados pelo deputado Alex Lima, que  perdeu aliados no município, mas mais do que isso, demonstrou ser ruim na manutenção de acordos (Renan do Aprovat, suplente de vereador, que assumiu o mandato com a morte de Raimundo Mutuka, que o diga). 

Nenhuma eleição é fácil, ainda mais a de 2018, que será experiência inovadora em termos de financiamento de campanhas, desafio para políticos e profissionais vinculados ao processo eleitoral, mas Paulo Cezar está na pista e topa qualquer casadinha formatada pelos eleitores de Alagoinhas. 

Existem duas alternativas para os placares cezistas: 7×4, se Paulo Cezar vencer a eleição em 7 de outubro; 6×5, se não conseguir uma cadeira na Assembleia Legislativa.

O analista político analisa, mas quem monta os placares são os eleitores, juízes daqueles que disputam cargos eletivos. 

PS: Após publicação da primeira versão do artigo, leitor entrou contato e aventou a possibilidade do engenheiro Filadelfo Neto, eleito deputado estadual em 1982 e 1986, e candidato à Prefeitura de Alagoinhas em vários pleitos, ter disputado mais eleições do que o ex-prefeito Paulo Cezar. Vou checar.

 

Maurílio Fontes é editor do site Alagoinhas Hoje