Parcelamento de faturas corresponde a 51,7% do volume de compras

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A crise tem deixado o consumidor bem mais cauteloso na hora de usar o cartão de crédito.  É o que aponta um levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito (Sorocred) apresentado ontem. Em 2015, 51,7% do volume da movimentação das compras pagas no cartão foram parceladas.

No ano anterior, o parcelamento nos cartões representava 47,2% da movimentação de crédito no Brasil. Mesmo dividindo em mais vezes, o valor médio gasto nas compras apresentou uma redução, ao cair de R$ 86,90 no fim de 2014 para R$ 76,77 no mesmo período do ano passado.

O cenário mostra que a alta da inflação e a redução do poder de compra fizeram com que o brasileiro aprendesse não só a usar melhor o crédito, mas também a ter maior controle de seus gastos.

“O consumidor aprendeu na pior hora possível, quando perdeu o emprego ou viu sua renda diminuir. Isso mostra que alguma mudança foi necessária para conseguir se ajustar aos efeitos da crise e o cartão de crédito não ficou fora desse corte”, explicou em entrevista ao Correio a economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Marcela Kawauti.

Aliado
Ter de mudar na marra sua relação com o cartão. Foi assim que a cabeleireira Ana Santos agiu para manter seu orçamento sob controle. Dos seis cartões que carregava na bolsa, passou a fazer uso de apenas um. “Sempre que possível e quando não há cobrança de juros, opto pelo pagamento parcelado”, conta.

Para ela, o cartão é um aliado e o pagamento parcelado ajuda, pois costuma fazer compras de valores altos por conta do negócio que possui. “Facilita muito para mim”.

Ainda que seja a linha de crédito mais cara disponível no mercado, com taxas de juros que ultrapassam 400% ao ano, o cartão de crédito não é só o preferido da cabeleireira, mas também da maioria dos brasileiros.Segundo pesquisa da Total Retail, divulgada pela PwC no último mês, o cartão de crédito aparece como o meio de pagamento mais utilizado, superando o dinheiro e o cartão de débito.

No total, 78,5% dos entrevistados pagam suas compras com o cartão de crédito. “A facilidade de ter crédito ainda mantém o cartão no topo da preferência. Porém, é necessário ter muita organização financeira para saber utilizá-lo”, alerta.

Ter o cartão como principal forma de pagamento, como foi apontado pela pesquisa, faz  parte da realidade da advogada Luísa Moreira. “Uso o cartão de crédito praticamente todos os dias. Se a loja não dá desconto para o pagamento à vista, pago no cartão”.

A advogada garante que mantém o controle na hora de usar o cartão. “Controlo melhor minhas despesas sem extrapolar o valor que posso gastar, e pago sempre na data, por conta dos juros”, completa.

Especialista dá dicas de como usar melhor o cartão
Longe se ser um vilão, o cartão de crédito pode ser um aliado, quando bem utilizado. Em entrevista ao Correio, o educador financeiro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e do portal de Educação Financeira Meu Bolso Feliz José Vignoli dá dicas de como melhorar sua relação com o cartão de crédito. Confira:

Como o consumidor pode utilizar melhor as vantagens do cartão de crédito?
Desde que ele acompanhe a fatura dele, o cartão de crédito é um ótimo instrumento para controlar as finanças. No entanto, quando se gasta impulsivamente  e sem controle, ele pode se transformar em uma tragédia.

Quais os principais riscos ao utilizar essa linha de crédito?
Não dá para usá-lo sem saber o quanto se está gastando. É preciso evitar ao máximo cair no rotativo, visto que as taxas de juros podem passar de 400% ao ano. Ou seja, a dívida cresce muito  rápido e se torna uma bola de neve. Por isso, acompanhe sua fatura de perto. E, para quem possui mais de um cartão, vale também ter cuidado. Se é complicado gerenciar um, imagine cinco ou seis? Pondere se há  necessidade de ter tantos cartões na carteira.

Com relação ao parcelamento, o que o consumidor deve levar em consideração antes de dividir alguma compra no cartão?
Parcelamento é mais um ponto que quem usa o cartão de crédito precisa redobrar a atenção. É preciso ter cuidado com o número de pequenas parcelas que, quando somadas, podem chegar a uma fatura tão alta que vai ser difícil sustentar. Se der para pagar à vista, ótimo. Se não der, a parcela precisa estar adequada ao orçamento.

Como não misturar o limite  de crédito com a renda da família?
Limite de crédito não é renda. Tem que ter essa consciência para não acabar se perdendo e confundindo as duas coisas. Insisto, mais uma vez, o controle do orçamento e o planejamento são fundamentais para manter as contas em dia.

Fonte: Correio 24h

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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