Na falta de coordenação política, ministro da Fazenda assume negociações

O poder não deixa vácuo mesmo. Como a presidente Dilma Rousseff demora a indicar o(s) novo(s) coordenador(es) político(s) do governo, o Congresso vai aos poucos escolhendo o seu interlocutor no poder Executivo. Nessas horas, a busca costuma recair em quem realmente tenha poder de decisão. E quem tem poder hoje na Esplanada dos Ministérios, além, é claro, da presidente da República? O ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

É para ele, portanto, que se voltaram os principais protagonistas do Congresso. A começar pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Depois de armar uma brigalhada com o Palácio do Planalto — recusando o convite da presidente para uma reunião com os caciques do PMDB e devolvendo, na terça-feira (3), a medida provisória 669/2015 que tratava da desoneração da folha de pagamento das empresas — foi com Joaquim Levy que Renan negociou diretamente uma trégua na crise: o ministro da Fazenda aceitou escalonar o reajuste da tabela do imposto de renda e, já no dia seguinte, o PMDB votou em peso pela suspensão do reajuste e contra a derrubada de todos os vetos presidenciais que estavam naquele dia na pauta do plenário.

Desde então, Renan tem dito a quem conversa com ele que Levy é seu melhor interlocutor no governo.

Ontem à noite, Levy foi escalado para outra missão política: reuniu-se com a bancada do PT na Câmara a fim de explicar as medidas provisórias que tratam do ajuste fiscal e ainda precisam de aprovação pelo Congresso.

Os petistas, puxados pelo ex-ministro José Dirceu, têm se declarado publicamente contra o ajuste. Especialmente contra as duas MPs editadas no final do ano passado que tornaram mais rigoroso o acesso a uma série de benefícios previdenciários, entre eles, pensão por morte e seguro-desemprego.

Após a reunião, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE), anunciou que a bancada votará “100% a favor” das duas MPs. Segundo ele, a reunião “foi dura”, mas Levy convenceu os petistas sobre a neccesidade e a provisoriedade do ajuste.

Antes da reunião com o PT, Levy recebeu ontem mesmo uma outra demonstração pública de fortalecimento, de ninguém mesnos que a própria presidente da República. Dilma Rousseff declarou, em entrevista coletiva de imprensa, que está disposta a negociar tudo, mas que não abre mão do ajuste fiscal, capitaneado por seu ministro da Fazenda.

Em meio a uma saraivada de críticas da imprensa e da opinião pública, este foi um dos poucos acertos recentes da presidente. Espera-se que Dilma não desautorize Levy. Seus coordenadores políticos anteriores — como os ex-ministros Ideli Salvatti e Luiz Sérgio — foram seguidamente desautorizados pela presidente. Assim como Aloizio Mercadante e Pepe Vargas, que agora estão na berlinda.

Fonte: Blog do Tales Farias – iG

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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