Jornalista volta à Ufba 40 anos após ser demitida

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Quarenta anos após perder o direito de lecionar por força da ditadura militar, a jornalista baiana Mariluce Moura será reintegrada, nesta sexta-feira, 18, ao quadro de professores da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A cerimônia está marcada para as 10 horas, na reitoria da universidade.

Mariluce foi demitida do Departamento de Comunicação em fevereiro de 1976, seis meses após contratada, mesmo tendo sido julgada e absolvida por unanimidade pela auditoria militar, sentença posteriormente confirmada pelo Superior Tribunal Militar (STM).

“Esta reintegração me dá de volta um lugar que era meu por direito, que conquistei por  mérito, após ser aprovada em primeiro lugar em concurso público”, declarou a jornalista. “É motivo de alegria, porque a ditadura me negou uma carreira acadêmica”.

Mariluce foi presa grávida, em outubro de 1973, aos 22 anos, junto com o marido, Gildo Macedo Lacerda, militante da organização de esquerda Ação Popular (AP).

Levados para a Superintendência da Polícia Federal, que funcionava na praça da Piedade, foram transferidos para o Forte do Barbalho, onde sofreram tortura.

Gildo, depois, foi mandado para Pernambuco, onde foi morto pela repressão. Em 2008, ele foi anistiado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

A professora contou que em 2011 ingressou com  processo na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, quando apresentou documentação do MEC, de 1975, afirmando que a contratação dela não era recomendável. Em outubro deste ano, foi-lhe assegurada a reintegração na Ufba.

Radicada em São Paulo, onde se dedica ao jornalismo científico, é no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp que coordena o grupo de pesquisa do projeto Ciência na Rua. “Ficarei na ponte aérea”, informa Mariluce, que na Faculdade de Comunicação da Ufba deve atuar neste mesmo campo.

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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