Governo Joaquim Neto: mudar ou morrer – Maurílio Lopes Fontes

Há dois dias o governo Joaquim Neto completou 18 meses, ultrapassando um terço do mandato eletivo conquistado nas urnas em outubro de 2016 pelo chefe do Executivo, em pleito dos mais disputados nas últimas décadas.

Eleições, tais quais partidas de futebol, quase nunca possuem características similares e dificilmente as complexas variáveis se repetem. 

Os alagoinhense viram com desconfiança a postulação do médico Joaquim Neto e ele precisou empreender esforço hercúleo para convencer, inicialmente, lideranças políticas sobre suas chances eleitorais.

Lideranças que se juntaram ao demista, após idas e vindas, assumiram posições muito mais contrárias à candidatura de Sônia Fontes, inventada no laboratório cezista, do que de apoio ao ex-prefeito de Sátiro Dias.

A avaliação (Sônia x Joaquim) estava vinculada ao mal menor na visão das lideranças e mesmo assim com elevada carga de desconfiança em relação ao médico. Ouvi afirmações com este conteúdo por dezenas de vezes. 

O atual prefeito ganhou o pleito com 34,25% dos votos válidos, alcançando 25.684 sufrágios.

Sônia Fontes, a segunda colocada, com 25,19% das opções dos eleitores, foi votada por 18.890 pessoas.

O deputado estadual Joseildo Ramos, prefeito entre 2001 e 2008, ficou em terceiro lugar (21,86%) com 16.395 votos.

O ex-vereador e sindicalista Radiovaldo Costa, na quarta colocação, surpreendeu: 15,65% dos sufrágios e 11.738 votos.

Números são importantes e indicativos de cenários pós-eleitorais.

No entanto, a dinâmica da arquitetura política desenhada pelo grupo vitorioso exige mais profundidade do analista.

Em 18 meses, o prefeito Joaquim Neto conseguiu diminuir a desconfiança em relação à sua capacidade de gerir uma cidade com a complexidade de Alagoinhas ? 

Como anotado acima, a vitória foi alcançada com menos de 35% dos votos válidos, portanto, em tese, o primeiro colocado saiu das urnas com 65% do eleitorado na oposição ou como espectador das realizações de seu governo, à espera de ser convencido sobre a operosidade da administração municipal. 

É notória a dificuldade de o governo convencer parcelas da sociedade alagoinhense sobre a positividade de suas realizações.

A percepção está vinculada à desconfiança originada no período eleitoral, catapultada nestes 18 meses pela desarrumação do time joaquinista, inexistência de um modelo de gestão que contemple as necessidades de uma cidade com a complexidade de Alagoinhas e a figura/personalidade do prefeito, que não inspira confiança mesmo entre os aliados mais próximos. 

Meu WhatsApp não é o muro das lamentações, mas está cheio de reclamações de gente que deveria ter confiança inabalável nos caminhos escolhidos pelo joaquinismo, por ter estado ao lado do candidato na campanha de 2016, e, mais ainda, pelo fato de ocupar posições de destaque na administração.

Um time sem bom organizador de jogadas está fadado a ser eliminado antes da final, sem fazer história e nem se transformar em referência para as próximas gerações. 

Se não mudar urgentemente suas abordagens, métodos, processos e o relacionamento com a sociedade alagoinhense, o governo Joaquim Neto morrerá antes do tempo e será mais um cadáver insepulto da política alagoinhense, a exemplo da administração do prefeito João Fiscina (1997-2000), que morreu antes do prazo regulamentar. 

Outra dificuldade do governo joaquinista: a dissonância entre discurso e prática. 

Faltam 18 meses para o primeiro dia de 2020, ano no qual os eleitores de Alagoinhas “dirão” se o prefeito continuará no comando do Paço Municipal ou voltará para suas atividades privadas. O tempo corre velozmente contra quem está no poder. 

No exercício de sua profissão, Joaquim Neto certamente aprendeu os procedimentos para reanimar pacientes, algo básico na medicina. 

Está mais do que na hora de agir para reanimar seu governo.

É mudar ou morrer.

E a escolha só cabe ao prefeito. 

Sem direito a prorrogação. 

 

Foto: Alagoinhas Hoje – Hotel Fiesta – Salvador – Dezembro de 2016

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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