Crise estimula a abertura de empresas na Bahia

Um levantamento feito pelo Sebrae a partir de dados da Receita Federal mostra que no primeiro semestre deste ano foram abertas 601.886 micro e pequenas empresas na Bahia, incluindo os microempreendedores individuais (MEI). O número é 10,7% superior ao que foi registrado no mesmo período do ano passado (543.470).

Os números mostram que a incerteza com os rumos da economia não pesou mais do que a vontade de abrir o próprio negócio, especialmente em tempos de aumento no desemprego.  E milhares de baianos que já tinham uma clara ideia do que queriam fazer colocaram seus planos empresariais em prática.

Como Isadora Alves, que abriu no último  mês de setembro uma loja no Rio Vermelho para a sua grife Com Amor, Dora. “Eu sentia falta da formalidade, de ter um endereço”, justifica Isadora, que antes comercializava tiaras, turbantes e nécessaires por meio de seu site e em eventos sazonais, como a Feira da Cidade.

Redução de custo

Ainda está cedo para medir o impacto financeiro em seu negócio depois que ela abriu a loja no Shopping Rio Vermelho.  Mas, para reduzir os custos da formalização, Isadora decidiu ratear os custos de aluguel com outros cinco empreendedores. Eles exibem sua produção em cinco caixotes  colocados na loja e pagam uma taxa mensal. “Com isso, consigo reduzir em 60% o custo do aluguel”, afirma Isadora.

O maior desafio da empreendedora é chamar a clientela para a loja por meio de divulgação. “Estou recorrendo a panfletos”, afirma a empreendedora, cuja loja não fica em uma das áreas mais visíveis do shopping e depende também da visualização de seu site.

Nos próximos meses, o casal Fernanda Batista e Luciano Ramos deve abrir na Fazenda Grande 2 uma  pizzaria. Por enquanto, eles seguem abastecendo a vizinhança por meio de delivery, com uma receita de pizza ensinada pelo cunhado italiano de Fernanda.

“Estamos vendendo em média 30 pizzas por dia”, comemora Ramos, satisfeito com o desempenho do negócio iniciado no começo deste ano, como forma de incrementar a renda. Por enquanto, os dois se mantêm em seus empregos e se dedicam às pizzas à noite.

Alternativa de renda

As constantes notícias ruins sobre os rumos da economia e da política não afetaram a disposição de Luciano em empreender. “A crise é mais uma coisa da mídia”, afirma o  empreendedor, que não receia se lançar na formalização nos próximos meses. Aliás, ele acha que, se há mesmo uma crise, isso é ainda mais um motivo para que as pessoas criem suas alternativas de renda e não dependam do mercado de trabalho para sobreviver.

Visão parecida tem o gestor da consultoria empresarial do Sebrae, Fabrício Barreto. “O fraco desempenho na geração de empregos acaba ajudando na decisão de montar o negócio”, avalia Barreto.

O consultor destaca, entretanto, a importância de planejar a entrada no mundo dos negócios. “É preciso ter um plano de negócios, buscar informações sobre o mercado e  informar-se sobre os concorrentes”, afirma Barreto.

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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