Coisas da política: Gilson, que era aliado de PC, agora é opositor; Filadelfo, ex-adversário, é aliado – Maurílio Fontes
A política dá nó na cabeça dos homens sensatos, porque o bom senso, útil à vida de todos nós, quase sempre está ausente das lides eleitorais e dos acordos entre as siglas partidárias.
Em Alagoinhas, como se sabe, o paroxismo (aqui, no sentido de cúmulo do absurdo) é multiplicado por mil.
Senão, vejamos.
O vereador Gilson Guimarães (PROS), aliado do prefeito Paulo Cezar, que enfrentou embates ácidos na Câmara de Vereadores de Alagoinhas em defesa do alcaide, tomou um novo rumo e vai apoiar a candidatura do médico Joaquim Neto (DEM).
Rompeu com PC, a quem sempre reputou o maior prefeito da história de Alagoinhas, considerando-o um expert inigualável do jogo político.
A “sabedoria” de PC, nesta reta final das convenções partidárias, se transformou em bumerangue de uma tonelada, que atingiu a cabeça de Gilson e o deixou zonzo, em busca de um novo abrigo, agora distante da madrasta casa cezista, que o abandonou na hora que mais precisava.
O acolhimento imaginado não passou de miragem no deserto dos bons costumes e da honradez da palavra, em desuso em Alagoinhas, como se a terra mãe aceitasse o jogo bruto com objetivo exclusivo de manter o poder, doa a quem doer.
Exemplo que fica para os apaixonados paulocezistas, cujo protótipo mais perfeito e acabado é um talzinho ex-secretário, amante de licitações e dos carros potentes.
Um perfeito idiota, achando que o cargo o alçou a qualquer tipo de destaque social e político em Alagoinhas. Nunca teve em Catu, quando andava agregado a um sobrenome, quanto mais em Alagoinhas.
Continuará a ser “um zé ninguém” e o ostracismo o aguarda em futuro próximo.
Moeda
No reverso da moeda de Gilson, com a face gorda e sem o sinal característico, fruto de um reles photoshop, que briga com a verdade, está o engenheiro civil Filadelfo Neto (PTN), ex-quase tudo em Alagoinhas. Seu jeito bonachão e amigueiro (como ele mesmo ressalta) não suavizou a percepção dos alagoinhenses e a aposta em seu nome pode ser uma jogada errada na mesa de pôquer da política local.
Ex-líder político de Paulo Cezar em meados dos anos 80, ex-deputado estadual, ex-candidato à Prefeitura de Alagoinhas, ex-candidato à vice-prefeitura, inclusive em chapa com o próprio PC, Filadelfo se conforma, mais uma vez, e troca alianças, numa submissão sem argumentos, a não ser pela busca por um hipotético naco de poder.
Filadelfo é um homem rico, mas frustrado politicamente: ver seu ex-empregado Paulo Cezar governar Alagoinhas em dois mandatos não estava em seu script.
A história foi uma mãe bondosa para PC e madrasta com Delfinho.
As conjunções astrais de ambos trocaram os sinais. O que era para ter sido não foi. O imponderável embaralhou as cartas e PC emergiu como liderança política. O ex-líder aceitou a secundarização de sua trajetória.
As críticas foram esquecidas, os defeitos das duas administrações cezistas agora são qualidades e daqui para frente PC e Filadelfo vão rezar o credo dos aliados circunstanciais e pousarão suas mãos na mesma cartilha eleitoral: tudo pela Prefeitura de Alagoinhas, uma boa divisão do poder e juras eternas de amor.
A poesia, com sua força descomunal, possivelmente traduza os sentimentos dos homens.
E mais ainda daqueles que fazem ser a política o que ela é.
Versos Íntimos – Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
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Estará errado quem perceber nas entrelinhas da poesia as imagens de PC e Delfinho?
Que vivamos para vermos de perto o espetáculo político dos próximos dois meses.
Sempre será prudente (em Alagoinhas) ter por perto um saco para vômito, daqueles disponibilizados pelas companhias aéreas.
Foto: Augusto dos Anjos