Aumenta temor de bolha no mercado de ações dos EUA

Um crescente número de investidores acredita que as ações americanas estão sobrevalorizadas, o que cria o risco de uma significativa baixa no mercado, de acordo com uma pesquisa de Robert Shiller, da Universidade de Yale.

O Prêmio Nobel de Economia disse ao “Financial Times” que seus índices de avaliação de confiança, baseados em pesquisas com investidores, mostraram mais temor de uma sobrevalorização do mercado do que em qualquer outro período desde o pico da bolha da internet em 2000.

“Para mim, parece um pouco com uma bolha novamente. Os preços das ações essencialmente triplicando desde 2009 em apenas seis anos e, ao mesmo tempo, as pessoas perdendo confiança na avaliação do mercado”, disse.

No entanto, ele esclareceu que ainda é impossível prever qualquer queda no mercado, e lançou dúvidas sobre se as ações cairiam se o Fed (o Banco Central americano) aumentasse as taxas de juros ainda nesta semana.

“Não estou buscando nenhum grande efeito”, afirmou. “Fala-se sobre isso há tanto tempo que todo mundo sabe que está chegando. Não é um grande problema.”

Shiller diz ainda que não havia evidências históricas de uma ligação entre taxas de juros e preços de ações. “Você pensaria que quando as taxas de juros estão mais altas, as pessoas venderiam seus papeis, mas o mundo financeiro não é tão simples assim.”

Ele defendeu a sua, agora famosa, “medida de valorização”, geralmente mencionada quando a Cape (índice de preço/lucro múltiplo ajustado ciclicamente), que compara os preços das ações aos ganhos médios ao longo dos dez anos anteriores. Isso faz um ajuste para o caráter cíclico de ganhos.

O indicador mostrou que as ações estavam seriamente sobrevalorizadas antes dos picos do mercado de 2000 e de 2007 -mas também sugeriu que foram sobrevalorizadas nos últimos anos, enquanto os preços continuaram a crescer. Isso gerou vários ataques ao Cape, de que ele não levava em conta a mudança das regras contábeis e fiscais ao longo do tempo, e que foi distorcido pela forte queda nos lucros que após a falência do Lehman Brothers em 2008.

Shiller apontou a queda nos lucros em 2008 como parte de uma recessão severa. “Empresas gostam de pegar depreciações rapidamente durante uma recessão. Então, seus lucros podem se recuperar a partir dali. Se eu fizer uma média de dez anos, não vejo isso como um problema. A média inclui os prejuízos reais que as companhias registraram.”

Ele disse que as mudanças nas regras contábeis poderiam criar dificuldades para seu modelo, mas acrescentou: “Acho que estamos em melhor situação com as normas contábeis alteradas do que se ignorássemos todas as mudanças que aconteceram desde 1871.”

Afirmou também que o recente surto de volatilidade “mostra que as pessoas estão pensando em alguma coisa, estão com preocupações. Isso indica, para mim, que muitas delas estão reavaliando sua exposição ao mercado de ações. Não estou ajudando muito sobre o timing do mercado, mas posso ver facilmente tremores a caminho”.

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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